A chamada guerra da Ucrânia completa um ano e confirma a convicção de que a primeira vítima de qualquer guerra é a verdade. Neste caso, a primeira e permanente prejudicada. Mais graves e complexos que as ações estritamente bélicas são os interesses envolvidos no conflito. Em razão deles, há todo um jogo de bastidores e alegações que só aos tolos - ou desinformados ou mal intencionados - seduzem. Prevista inicialmente para durar alguns dias ou semanas, a guerra NA Ucrânia já atravessou seu primeiro ano. Ao longo dos últimos doze meses, foi ficando mais clara a configuração do conflito, tanto quanto tornada mais fácil a identificação dos verdadeiros protagonistas. Aqui e acolá são apontadas certas relações capazes de clarear o cenário, raramente levadas em conta pelos que se apresentam como especialistas no assunto. Além das relações internacionais, há outro tipo delas, como ainda ontem foi indicado. Refiro-me à informaçào de que Joe Biden tem todo interesse em manter a guerra, como compensação à retirada dos Estados Unidos da América do Norte do Afeganistão. A alternativa que o Presidente norte-americano encontrou para evitar o fracasso de sua pretendida reeleição. Se o conseguirá, ainda é cedo para afirmar. Não o é, porém, quanto à identificação dos verdadeiros contendores, a Rússia e os Estados Unidos da América do Norte e seu braço longo e armado, a OTAN. Deixado resolver segundo o princípio da soberania e da autodeterminação dos povos, com a participação de e intermediado por Estado ou um grupo deles sem interesse direto no conflito, dificilmente se teria estendido tanto a guerra de que a Ucrânia é o palco. O manifesto interesse de Wolodimir Zelensky na intermediação sugerida por Lula diz muito sobre isso.
top of page
Buscar
Professor Seráfico - 26 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Ouvi certa vez dizer que o indivíduo feliz só o é porque totalmente desinformado. Tamanha é a tragédia de que nem todos se apercebem, há quem dela gargalhe, enquanto cresce o número dos mortos pela ação das forças da natureza ou pela ação humana - em grande medida, cuidadosamente planejada. Se desejássemos exemplificar com fatos, a covid-19 e a enxurrada no litoral paulista dariam trágica e contundente ilustração. Há, todavia, os muitíssimo bem-informados que, serenos e esperançosos, acreditam que nem tudo está perdido. Um deles, o jornalista Fernando Gabeira, cuja serenidade o faz assemelhar-se a um monge tibetano. Só na aparência o autor de O que é isso, companheiro? é um homem despreocupado. Também dele não se pode dizer dotado do alheamento de que são portadores muitos dos que se arvoram a líderes de determinados segmentos sociais. Gabeira, creio que todos sabem, participou ativamente da resistência à ditadura instaurada em 1964. Envolveu-se em ações de guerrilha urbana e foi banido do País. Depois que voltou, exerceu mandato de deputado federal e escolheu os problemas ambientais como base de sua atuação parlamentar. Desencantado com a política, presumo, mergulhou por inteiro no jornalismo, atividade na qual tem oferecido aos brasileiros a oportunidade de saber mais sobre sua terra e sua gente. Dotado da ironia própria dos inteligentes (no sentido antigo desse vocábulo, um dos mais conspurcados destes tenebrosos tempos que vivemos), o ex-deputado do Partido Verde é objeto da admiração dos seus pares, nos programas que a Globo News faz entrar em nossas salas. Precisão quase cirúrgica, quando ele comenta sobre os mais diversos aspectos de nossa triste realidade, é como se um bisturi rasgasse o ventre da sociedade brasileira e pusesse à mostra os líquidos purulentos e infectados nela depositados. No máximo, percebe-se no canto da boca do jornalista um esgar irônico, a despeito disso extremamente discreto e elegante. Pois é esse Gabeira, muitíssimo bem-informado, competente na escrita, arguto na observação, irônico por excelência e respeitado por seus pares, quem nos dá a lição que todos precisamos aprender: a ingenuidade, em grande medida e no momento oportuno revelada, é que alimenta a esperança dos que realmente têm boa fé. Um ser humano de bem com a Vida. Nada mais!
6 visualizações0 comentário
Professor Seráfico - 25 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Uma das alegações ligadas ao desenvolvimento tecnológico tem sido a liberação do tempo das pessoas para dedicar-se ao lazer, aos esportes, ao exercício religioso ou, no extremo, ao simples ócio. Este, em grande parte responsável pelo substancial legado dos filósofos, desde a Antiguidade mais remota. Com Bertrand Russell, fomos advertidos de quão saudável seria a sociedade, se o ócio passasse a ser visto como um dos exercícios mais favoráveis aos seres humanos, enquanto tais. É disso que trata, em síntese, O elogio do ócio, que o filósofo britânico escreveu, faz perto de cem anos. Domenico Demasi, com seu O ócio criativo, trouxe de volta o tema, dentre outros autores enfastiados com as diversas formas de alienação e de desumanização (demonização talvez não fosse exagerado dizer) a que vem sendo exposta a sociedade. Aqui e acolá - mais lá - sabe-se de algumas tentativas de deixar ao homem, o trabalhador em especial, tempo que possa ser usado para o prazer inteligente. Algo que o poeta e humanista (et por cause) Paes Loureiro chama dibubuio. Aquele abandono de qualquer atividade prática, que permite ao caboclo ribeirinho deixar-se levar, a bordo de uma canoa aparentemente à deriva, ou em profunda reflexão sentado à beira do rio. Sem sequer alguma vez ter ouvido falar dos filósofos gregos e dos que ao longo dos séculos se fizeram seus seguidores. Pois da França de Montaigne, Voltaire, Diderot, Sartre, Molière e tantos mais símiles, vem a notícia. Emmanuel Macron, o Presidente, pretende reduzir ainda mais o tempo de bubuio dos trabalhadores. Quanto mais avança a tecnologia, menor a probabilidade de ela tornar humanas as relações entre patrões e empregados. Quanto mais tempo propícia ao ócio do capital, a tecnologia menos tempo destina ao prazer inteligente dos que suam a camisa. Assim, à deriva segue o Mundo. Só não se sabe para onde. Que o evangelista João não nos ouça!!!
6 visualizações0 comentário
bottom of page