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Brasília, sábado, 27 de junho de 2025. A temperatura estava entre 27 e 28 graus. No céu, em fundo de um azul extasiante, as nuvens majoritariamente limpas branco-algodão faziam o prazer dos olhos. Pena que nem todos os usam para ver. O analista do TRF1, Gustavo Seráfico, captou a bela imagem.


Walbert Monteiro*


O meu querido Colégio Estadual Paes de Carvalho vai completar 184 anos da sua criação oficial pela Lei Provincial n° 97, de 28/06/1841, sendo o segundo mais antigo estabelecimento de ensino oficial do país. Essa data tem sido, por falta de pesquisas exatas, objeto de controvérsias e discussões, porque em sites governamentais e na própria placa comemorativa aparece o dia 28 de julho, o que evidencia um erro. Outra polêmica é sobre sua efetiva instalação. Em artigos anteriores, baseando-me em fonte confiável, considerava ter sido um mês depois, porém, aprofundando a busca, encontrei o registro de sua inauguração em 17/01/1842, conforme o demonstram Andrenson Santos, bolsista PIBEX/ UFPA e membro do grupo de pesquisa Laboratório de Planejamento da Educação Municipal (LAPEM), e Alberto Damasceno, Doutor em Educação pela PUC de São Paulo (1998), e Mestre em Educação Escolar Brasileira pela Universidade Federal de Goiás (1991) em artigo publicado na Revista ”Tempos e espaços em educação”. O Decreto nº 1121 de 1º de novembro de 1892, equipara o Liceu Paraense ao Ginásio Nacional.

Após ter passado por vários endereços, trinta anos depois, em 1871, instala-se definitivamente no belíssimo prédio situado na Praça da Bandeira, construído para abriga-lo, e que sediou, também, outras importantes e históricas instituições culturais.

Como, em artigos anteriores, já me detive em minúcias históricas sobre o CEPC, gostaria de focar na peculiaridade que o distingue sobremaneira: as muitas gerações que por lá passaram, onde despontaram os mais insignes vultos da política, religião cultura, artes e desportos do Pará, cultivam pelo educandário onde realizaram ou aprimoraram seus conhecimentos, um extremado amor que faz palpitar mais fortemente os corações à simples recordação daqueles saudosos e vibrantes tempos escolares ou, como já aconteceu de fato, existe a ameaça de retirá-lo do histórico edifício que ocupa há 154 anos. Não sei se as moças e rapazes que por lá passaram contemporaneamente nutrem essa mesma vibração (imagino que sim!) das senhoras e senhores que já passaram dos 50 anos, mas que, além de cultuarem as queridas lembranças de seus tempos cepceanos, ao se reunirem, comportam-se com o mesmo ardor juvenil daquela época e realizam verdadeiras viagens a um passado que jamais será esquecido.

Realizam encontros periódicos (no mínimo bimestrais) onde impera a alegria e a fraternidade; formam grupos de WhatsApp (eu participo de 2, mas sei da existência de muitos outros) e, como por exemplo, nas iniciativas lideradas pela profa. Dyrce Koury, com participação de um expressivo número de cepceanos antigos, atuam na vida do colégio e ajudam decisivamente na sua manutenção. Cite-se que, recentemente, existiu a séria disposição de desalojar o CEPC cedendo espaço à outra instituição pública. Os cepceanos de várias décadas se movimentaram e, em movimento coordenado de repulsa, impediram que se perpetrasse o atentado. E passaram a contribuir para a recuperação de espaços e móveis, sendo o último a reconstituição do antigo “Salão Nobre”, a restauração de quadros de velhos mestres e governadores que frequentaram os bancos cepceanos.

Saúdo, na passagem deste aniversário, tanto as gerações da velha guarda cepceana, como os atuais mestres e dirigentes, estes na pessoa da dedicada e eficiente diretora Alinne Catro, e todo o corpo discente, com augúrios de que os atuais alunos perseverem neste incrível sentimento de amor pelo CEPC.

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*Jornalista e escritor

Acordo nesta segunda-feira com a trágica notícia da morte de uma mulher grávida, vítima de acidente bde moto numa das principais avenidas de Manaus. Seu marido, o condutor, perdeu o equilíbrio do veículo após passar por um buraco. Morreu a mãe e o beber, prestes a nascer.

Infelizmente, não se trata de um caso isolado.

Manaus virou um caos em acidente envolvendo motociclistas. Em 2024, das 309 mortes no trânsito, 158 foram motociclistas, segundo o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU). Um aumento de 32% em relação ao ano anterior.

O Departamento Estadual de Trânsito do Amazonas (DETRAN-m) anunciou que em abril deste ano Manaus atingiu

1.004.021 veículos registrados. Desse total, 455.608 são automóveis e 337.464 são motocicletas. São 2,27 habitantes por veículos. No ano 2000, eram 8,3 Hab./Veic.

Esses números revelam a dimensão de um caos no trânsito de Manaus quando sabemos que apenas 2% da frota são para transporte coletivo e 93% são para transporte privado, que atende a menor parte da população.

Com um sistema de transporte público deficitário, que nunca melhora, aumentou o número de motos fazendo esse serviço, mas também aumentou o número de acidentes. Entre 2020 e 2024, foram 1.228 mortes de motociclistas em todo o estado, o que representou 54% dos óbitos por acidentes terrestres no Amazonas. Desse total, 60,9% foram em Manaus.

É certo que houve um crescimento de acidentes com vítimas fatais no trânsito em todo o país, segundo o Atlas da Violência do IPEA, divulgado este ano. Em 2023, foi registrado um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior. Já especificamente com acidentes envolvendo motocicletas, a alta foi de 12,5%. O Amazonas ficou em 5ª posição, com 57,3% dos óbitos causados por acidentes envolvendo motocicletas.

E os custos para o país e para a sociedade?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em países com renda como a do Brasil, os custos com acidentes de trânsito podem variar entre 3% a 5% do PIB. Somente com internações de motociclistas, as despesas do SUS ultrapassaram 2,4 bilhões de reais entre 2014 e 2024.

Entre os meses de janeiro e novembro de 2024, o custo com as internações de motociclistas acidentados no SUS foi de R$ 233,3 milhões. Foram 148.797 motociclistas internados no sistema de saúde público, em decorrência de acidentes em todo o Brasil.

O custo médio de um paciente acidentado para o SUS é em torno de 60 mil reais/mês, incluindo internações, cirurgias e reabilitação.

Estamos falando de um problema de profunda gravidade social. Tanto os acidentes que deixam as vítimas sequeladas como as mortes afetam milhares de familias. A Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) calcula que para cada paciente hospitalizado, outras quatros pessoas são impactadas.

E os buracos do prefeito?

Como se não bastasse o sistema caótico de transporte coletivo com uma das maiores tarifas do país, o sistema viário de Manaus não suporta tanto veículos. O crescimento da cidade não foi planejado e os gestores que passaram pela prefeitura sequer sabem o que é planejamento. Há um acúmulo de estupidez e descaso.

Manaus terá este ano um orçamento de 10,5 bilhões de reais. Somam-se a esse valor, os mais de 4 bilhões de empréstimos feitos pela gestão do atual prefeito. É dinheiro saindo pelo ralo. Pelo ralo mesmo, porque não tem dado nem para tapar os buracos das principais vias da capital, o que tem provocando aumento dos acidentes, principalmente com motocicletas. Acidentes com vítimas fatais e muita gente internada nos hospitais públicos.

São quase 15 bilhões de reais para execução neste ano, considerando orçamento e empréstimos. Como que Manaus continua um caos no transporte coletivo, nas vias de trânsito, com calçadas quebradas, faltando remédios nos postos de saúde, etc.? Não há explicação plausível.

Em relação ao trânsito, principalmente sobre o transporte de motocicletas, a prefeitura de Manaus precisa elaborar uma política para tratar do problema. Não dá pra ficar fazendo de conta que está tudo bem, enquanto pessoas morrem ou ficam por meses hospitalizadas, outras tantas com sequelas pelo resto da vida.

É preciso reunir com empresas que usam o serviço de entrega com motos e elaborar um plano para melhorar a educação de trânsito dos condutores. É preciso criar um plano de melhoria das vias de Manaus, sem embromação e mentiras. É preciso inserir no currículo das escolas da Semed a educação no trânsito. Essas escolas atendem crianças e nelas é possível criar uma cidade mais cidadã, com respeito ao outro.

Na Espanha foi feito isso e houve uma redução de 60% dos acidentes. São medidas a médio e longo prazos, planejadas, mas necessárias. É fundamental o olhar para a educação das novas gerações.

É preciso fazer muitas coisas, inclusive uma gestão pública mais responsável e humana. Manaus agradece.


Lúcio Carril

Sociólogo

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