top of page

Donald Trump, mais que o governante de um estado poderoso e com forte inclinação bélica, já não consegue surpreender ninguém. Exceção feita aos que optam por ignorar - ou fingem faze-lo - sua índole e sua vocação. Tornado célebre por ocupar espaço nos media, não só como anunciante, aproveitou-se da oportunidade que o avanço tecnológico proporciona aos que têm muito na boca e muitíssimo pouco na cabeça. Dirigindo e apresentando um programa de televisão, ele conseguiu inserir-se na onda direitista que varre o mundo, o que acabou por faze-lo Presidente dos Estados Unidos da América do Norte, mesmo sendo aquela pessoa a quem, na anedota conhecida, não se entregaria um relógio para guardar. Porque se tenha mostrado o retrato vivo dos tempos atuais, estendeu sua liderança a outros países, em que governantes cultores dos mesmos (des)valores e adeptos das mesmas práticas maravilham-se com suas grosseiras, tristes e trágicas façanhas. Uma delas, que só surpreende os que, desatentos, não enxergam um palmo adiante do nariz. Desta vez, ele passa por contribuinte e promotor da paz na faixa de Gaza, em contradição com toda sua atuação anterior. Esta, como sabe qualquer cidadão medianamente informado, pô-lo como grande incentivador e apoiador, político e financeiro do genocídio que seu preposto Benjamin Netanyahu executa contra os palestinos. Em outra frente, faz de seu servil escudeiro (uma espécie de Sancho Pança às avessas, de um Dom Quixote falso)o inimigo de Wladimir Putin. Em suma, transforma o território disputado entre Ucrânia e Rússia no terreno em que os maiores interesses em jogo correspondem a seu país e a seus próprios negócios. À custa da morte de ucranianos e mercenários que os dólares fornecidos ajudam a envolver. Tudo isso, para, depois de fulminar todas as tentativas de encerrar o conflito, aparecer como o grande defensor da paz. Em relação a esta, ele nunca fez segredo: deseja ter sua ação nefasta coroada com o Nobel. Mais que o Presidente de uma nação rica e poderosa, ou de um empresário habituado no uso de práticas no mínimo duvidosas, ele é um prestidigitador. Mas não está sozinho, dirão com muita razão os que observam o cenário mundial.


 
 
 

Comemora-se hoje, em Belém do Pará, o 232º Círio de Nazaré. Espetáculo a um só tempo religioso e profano, a maior reunião de féis do Planeta nunca se repete, como não se repete a leitura de um livro. Cada ano que passa, sempre se encontrará uma novidade, tudo dependendo da capacidade de apreender e do sentimento que povoa a cabeça dos participantes do evento - nas ruas, nos templos da Igreja, diante das telas de televisão. Mesmo os que dele não participam é impossível ficarem alheios. Apenas o ambiente social em que o Círio ocorre, antecipado de diversas romarias menores, cada uma destinada a alguns segmentos específicos da sociedade, já bastaria para atestar a grandeza da festa que toma conta da cidade fundada por Francisco Caldeira Castelo Branco, la se vão 409 anos. A multidão que se desloca desde a Igreja Matriz da cidade até a Basílica de Nazaré está ali levada por rica e múltipla motivação. Legítimo imaginar que nem todos têm o mesmo grau de fé na santinha achada pelo caçador Plácido, podendo ocorrer até de alguns não terem qualquer fé. O que não basta para fazê-los menos alegres, felizes e esperançosos - mãos adquirindo ferimentos ao apertar a grossa corda simbólica, ou joelhos dilacerados pela longa caminhada sobre eles, do início ao final do préstito. Se houve um Plácido que encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, ou se não houve, essa dúvida não anula a importância do Círio e da devoção dos que creem, como importa pouco ao agnóstico que escreve estas linhas se Jesus disse o que a ele se atribui, ou tudo não passa de narrativa mítica. A verdade é que, tendo ou não existido, Jesus vive como deus na cabeça dos que nele creem, conseguindo orientar decisões e condutas de muitos deles. Pena que não seja tão firme sua crença nem tão obedientes os crentes! O mesmo digo da santa hoje festejada pelos paraenses e os que visitam a capital do Pará, para manifestarem o agradecimento, o pedido, a prece dirigida a Nossa Senhora de Nazaré. Não é desprezível dizer-se que as festas do Círio constituem momento igual ao Natal de Jesus, para a população do Estado do Pará. Vivamos o Círio e renovemos a promessa que ele instala dentro de cada um de nós!

 
 
 

Atualizado: há 2 dias

A proximidade física entre o político e o eleitor levaria, supõe-se, ao melhor desempenho do representante dito popular. A partilha do cotidiano, a participação no dia-a-dia da comunidade representadas, em tese, assegurariam maior fidelidade de um - o vereador, no caso - ao outro, que com seu voto confere o mandato municipal. Deputados estaduais e federais, portanto, teriam menor grau de compromisso e fidelidade em relação aos eleitores. A realidade vem mostrando, com frequência crescente, não ser bem assim. Ainda agora, dois vereadores incidem nos mesmos vícios praticados por representantes na Câmara dos Deputados, sobretudo. Pelo menos dois dos políticos mandados pelos eleitores municipais para representa-los nas câmaras de cidades brasileiras veem-se, agora, envolvidos em fatos nem de perto incluídos dentre seus deveres e prerrogativas. O primeiro deles, o vereador Alexandre Frota, que o eleitorado fez vereador em Cotia-SP. Condenado por crime contra a honra, o ex-ator de televisão e filmes pornô foi cassado e cumprirá prisão domiciliar. Outro, o vereador Bual, integrante da Câmara Municipal de Manaus, parece ter nos zeros-à-esquerda sua bússola. Tanto, que a Polícia Federal colheu provas da prática da rachadinha. Tudo, segundo o devido processo legal. Como manda a democracia. Na lista desses filhotes da deterioração política, não está fora a vereadora que aplaude colega agressor de mulheres. O fato ocorreu em Borba-AM. Se a visão estreita e a ignorância de muitos membros da Câmara dos Deputados faz deles vereadores federais, a delinquência de alguns vereadores torna-os deputados municipais. Talvez, o avesso do avesso de que fala Caetano, em uma de suas belas canções.

 
 
 
bottom of page