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A coisa julgada após o curso de um devido processo legal iluminou o cenário político brasileiro. O que o STF chamou de organização criminosa teve seu líder e cúmplices mais destacados, que o mesmo órgão de justiça chamou de núcleo crucial, mandados para o lugar que eles mesmos, os condenados, consideram o lugar de bandidos. Só um deles, e não por motivo minimamente lisonjeiro, ainda não se instalou em algum quartel, em alguma sala da PF ou na Papuda. Papudinha, no caso, coincidindo a denominação à altura moral, cívica e profissional do apenado. Para lá ser vizinho do outro, em cuja residência foi encontrada a minuta do infausto documento que daria sustentação ao golpe. O principal protagonista da sucessão de crimes, antes posto fora do processo eleitoral, agora tem somada à distância original, outra, desta vez determinada pela nova condenação. Dando oportunidade a um conjunto de protagonistas menores - em todos os sentidos - de disputar-lhe o espólio. Neste caso, parte do eleitorado que permanece fiel, não ao líder malogrado, mas a seus próprios interesses pessoais e os de seus patrões. Nacionais e estrangeiros. Voejam em círculo, primeiro à distância; depois, pouco a pouco, aproximando-se da carniça apetitosa que atiça suas piores intenções e exagerado apetite. Diziam os antigos nada ser mais educativo que um dia após o outro. Pois pode-se esperar, daqui por diante, cada dia trará maior afastamento dos sequazes, em relação ao capo. Em compensação, maior será a proximidade dos abutres da carniça posta à sua disposição. Ainda não é tudo, porém. Cada um dos membros da famiglia enfrentará o dia em que também será recolhido à casa que eles mesmos destinam a abrigar seus inimigos. Porque os pensam e sabem iguais.


 
 
 

Dê-se o nome que se der, Donald Trump decidiu pela rendição. Pelo menos, neste round da guerra que ele move contra o Mundo. Pode-se alegar muita coisa, para explicar o cancelamento das tarifas, de um lado e do outro Os vassalos e delegados do imperador decadente dirão tratar-se de movimento estratégico. Uma espécie de recuo, para mais tarde voltar ao ataque. Nada indica a probabilidade dessa hipótese. Os fatos falam mais que os sonhos. Na sexta-feira, foi o prefeito recém-eleito de Nova Iorque, Mamdani, quem viu a bandeira branca ostentada pelo soba de Tio Sam. A História continua a ser mais forte que a ambição. Os que tentam impor-se a ela dão com os burros n'água. Alguns, são os próprios burros. A resistência dos homens livres, todavia, impede que os quadrúpedes que andam sobre as duas patas traseiras cheguem aos seus selvagens objetivos.

 
 
 

Parece-me insuficiente olhar o cenário político-eleitoral do Chile, para firmar a convicção de que o continente americano se inclina para a direita. A previsão determinística de que os votos colhidos pelos três concorrentes direitistas derrotados desembocará em José Antonio Kast supõe o fenômeno eleitoral apenas como uma operação matemática. Todos sabemos que não é tão simples assim. Quais razões teriam levado a maioria a votar em Jeanette Jara, não em seu principal opositor, no primeiro turno? Quem pode ter certeza de que a rejeição de um e outro dos postulantes do segundo turno é justificada apenas pela diferença ideológica de cada qual, não de outros fatores? O que se sabe é da posição diametralmente oposta entre Jara e Kast. Esta, ao que tudo indica, uma comunista distante do stalinismo que os adversários gostariam que ela ostentasse. O outro, um autoproclamado conservador, esse nome que passou a substituir a expressão reacionário. Ou, como preferem os aficionados dos eufemismos, quando não, da redundância – um membro da extrema direita. Usar a Argentina de Milei, a Colômbia de Petri e a Venezuela de Maduro como pano de fundo do cenário, importa ignorar outros países, de que o próprio Brasil pode ser o melhor exemplo. As ameaças que o Presidente Donald Trump tem feito aos países do continente dependem, em grande medida, da conduta dos delegados da Casa Branca, instalados nessas nações, boa parte deles capazes de trair a nação onde nasceram. Mais que a conduta desses títeres, a reação a ela, por parte da maioria, pode ser o fator determinante. Nas eleições do Chile e nos demais países ibero-americanos. Enquanto Donald Trump vai demonstrando sua crescente irrelevância dentre os líderes mundiais, Lula vem surgindo – mesmo sujeito aos constrangimentos que os delegados de Trump impõem ao Brasil, somados a algumas pisadas na bola – como uma liderança internacional. Certamente, os eleitores chilenos, no segundo turno, e os de outros países do continente em suas próximas eleições, terão a oportunidade de avaliar quanto ganhariam seus povos, sempre que a autodeterminação dos povos e as respectivas soberanias se espalhassem e fortalecessem. Na democracia, as eleições podem ser o melhor caminho para criar esse clima e a resistência que dele resulta. Aperfeiçoar o processo eleitoral e reduzir as desigualdades que impedem a rotatividade do poder, assim, é algo desejável. Com urgência.

 
 
 
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