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Se houvesse outra lógica

Flávio, o primeiro dos quatro zeros à esquerda, foi nomeado sucessor do ex-Presidente da República. Esse o fato mais explorado nos últimos dias, e não pelo duplo ridículo que a ele se associa. Durante a tarde da quinta-feira e hoje, jornalistas, lideranças políticas, redes, portais e blogues não se têm preocupado mais que com esse anúncio. Quando o governador fluminense de São Paulo pensava em trocar a disputa estadual pelo posto de seu líder e inspirador, eis que volta o fôlego dos que com ele concorrem pelo espólio do moribundo político ora hospedado em dependência especial da Polícia Federal. O primeiro aspecto a gerar o riso e o mofo da maioria dos observadores diz respeito às circunstâncias em que a escolha é divulgada. À moda dos chefes de organizações criminosas postas atrás das grades, é da boca de um presidiário que vem a proclamação. A segunda razão da triste hilaridade contida no anúncio liga-se à - até agora, pelo menos - absoluta incapacidade de o ungido manter sua candidatura, resultado mais da percepção de que o País ainda vive os dias das capitanias hereditárias, que de qualquer outra compreensão do momento histórico. Nem será preciso lembrar, como muitos o têm feito, que o senador Flávio Bolsonaro é capaz - sim, essa é competência experimentada! - de desmaiar, diante dos embaraços que uma pergunta ou intervenção de seu potencial opositor, em debate de campanha fizer. Há os que lembram das mais notáveis façanhas do escolhido, em processo restrito ao ambiente familiar, de resto nada alheio às práticas de todo capo. Algo que alguns dizem ser possível até nas melhores famílias de Londres. Não obstante, a candidatura do senador pelo Rio de Janeiro, com todos os zeros a ele vinculados, está posta. A dúvida, agora, reduz-se a saber até quando ela permanecerá de pé. Não faltam nem faltarão restrições e hostilidades a ele, vindas desta vez não dos seus conhecidos opositores, mas dos que deixaram ganhar seus corações e mentes pela possibilidade de abocanhar os votos dos fanáticos e fiéis alinhados à direita do espectro político brasileiro. O que parece não estar sendo levado à consideração dos analistas, tenham ou não compromisso com qualquer dos lados, é a lógica dos que se têm proclamado apóstolos do mercado ou, de uma forma ou de outra, rezam pela cartilha da Faria Lima. Venha de onde vier, pertença a que lado do espectro político pertença, sua lógica distancia-se dos valores familiais e dos vínculos parentais responsáveis pela escolha do representante do Rio de Janeiro. Essas coisas e cositas más que não cabem se não nas planilhas e nas máquinas de calcular. Mesmo quando tais máquinas têm aumentada a quantidade de informações que podem processar e calcular, em tempo quase sempre real. Assim, a surrealidade de qualquer decisão ou indicação (como a de que se trata aqui e agora) tem pouquíssimo - se o tem - a ver com a realidade. Aí, a reeleição de Lula ainda pode ser a melhor alternativa. Nunca os miliardários (ou biliardários) brasileiros ganharam tanto. Mesmo se para fazê-lo tiveram que engolir sapos e admitir míseros percentuais perdidos a curto prazo. O prazo, neste caso, integra o vasto e inesgotável elenco de benefícios com que todo governo consegue fazer-se apoiar. Ou não existiria o ser que muitos ainda teimam ver como etéreo e sem cpf e endereço conhecidos.

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