top of page

Sem Bastilha

É forte a resistência da direita, onde quer que ela esteja, à política de migração, em especial quando seu País é solicitado a receber imigrantes. O direito que a direita julga ter a instalar-se no país que os atraia, é inversamente correspondente às formas como recebe os nacionais de outros países. Já nem dou o exemplo dos Estados Unidos da América do Norte, tão desmascaradas têm sido a concepção e as práticas de sucessivos governos. Não apenas no que concerne à entrada de estrangeiros. Nação construída sobretudo pelos que chegaram da Europa e, depois, dos restantes países dos outros continentes, os Estados Unidos têm experimentado governos hostis à imigração. Exceções são feitas, nenhuma delas louvável, se vemos o acolhimento de ádvenas como um gesto de vigoroso teor humanitário. Um dos exemplos mais ostensivos do valor da moeda é a facilidade com que estrangeiros endinheirados podem entrar lá e, em período relativamente curto de permanência fazerem-se naturalizados. Os sacrifícios impostos aos mexicanos - e agora experimentados por habitantes dos países centro-americanos - dizem muito a respeito dessa rejeição. Trump, por exemplo, prometeu erguer um muro, para impedir a entrada de mexicanos no território do seu país. Não se trata, como mais recentemente se observa, de nacionalismo anacrônico, eis que esse é fenômeno a que não escapa bom número de nações europeias. Ainda semana passada, o líder do Chega, partido direitista português, puxava as orelhas do Presidente Rebelo de Souza, que não foi eleito pelos guineenses, brasileiros e timorenses. Adriano Ventura, o líder dessa sigla, simplesmente quis revelar sua antipatia pela política de aproximação de Portugal com outras nações e povos, efetivada pela intensa opção de estrangeiros - em especial oriundos de antigas colônias lusitanas, mundo afora - por morar em Lisboa e outras cidades daquele país. Não são menos colonialistas as teses defendidas pelo Iniciativa Liberal, liderado por Rui Rocha. Os brasileiros constituem das maiores colônias de emigrados que buscaram no país em que nasceram nossos ancestrais a oportunidade de trabalho e de satisfazer outras necessidades emocionais. Para eles, portanto, é de fundamental importância saberem-se bem-acolhidos e capazes de contribuir para a vida dos portugueses e dos que deles se fizeram compatrícios. A direita desdenha disso, cá e lá. A não ser que daí venha a recompensa monetária, pois o dinheiro é a mola do mundo, como afirma grande número dos que impedem que se veja presente a bipolarização entre direita e esquerda. Mesmo se um lado e outro se colocam no mesmo lado em que se puseram seus antecessores, na assembleia francesa. A direita não sabe que a Bastilha caiu.

Posts recentes

Ver tudo
Ainda bem

Leio, graças à generosidade de um amigo, texto interessante sobre uma das agulhas de minha bússola. O amigo - e cunhado generoso - é Altamir da Costa Bastos. Médico, leitor voraz de Freud e Eça de Que

 
 
 
Custos - guerra e paz

Quaisquer que sejam os erros do governo - qualquer governo -, sejam quais forem os benefícios levados às populações que lhes correspondam, ilusão admitir aplauso unânime. Tanto quanto unânime reprovaç

 
 
 
Na bandeja

Enquanto o Ministério da Justiça e da Segurança Pública tenta aprovar um Plano Nacional de Segurança, os oposicionistas preparam apetecível cardápio. Se as alterações propostas pelo relator do PL anti

 
 
 

Comentários


bottom of page