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Sucessivos passados

constroem o futuro

pelas mãos dos presentes

tempo sem limite

como um palco

cenário desmarcado

protagonistas conduzidos

em meio a tantos

vorazes suaves

às vezes entretidos

jamais satisfeitos

apetites


vencem-se os segundos

correm as horas

passam-se os dias

concluem-se semanas

meses

completam-se os anos

flutuar ou descer

aos fundos

às vezes cedo

ou coisa que demora

vícios e virtudes

bem humanos

como humano o

sentimento que a todos

devora


Manaus, 24.8.2021

 
 
 

O sol todavia

ainda nasce

dia-após-dia

a lua

trazendo as águas

do seu pranto

mostra-se nua

a percorrer todo

canto

avessa à treva

que atravessa

a terra devastada

floresta em chamas

sob o véu

do desencanto

o vírus

a morte

sua companheira

de que toda

gente

(tu também!)

reclama

quando nascer para todos

esmagando toda mentira

nua e crua

pondo o amor

no lugar da ira

o sol nascerá

mais brilhante

a desfilar sorridente

iluminado pela

lua.


 
 
 

Ficou para trás

atroz lembrança

tempo em que

era apenas uma

criança

homens e livros

construíam uma

nação


patriotas benfeitores

estadistas salvadores

montados no improviso

hostis à verdade

travestidos de ciência

sem saber e sem

aviso

aves agourentas

voo curto

rasteiro

desarvoradas sem norte

intenções maléficas

nojentas

ainda que sendo

ou fazendo-se

várias

na tessitura da morte

sob o império

das armas

praticam o impropério

da boca só vitupério

sem poupar sequer

as almas

penitenciárias multiplicadas

transformadas

nada mais que em

meros cemitérios.


Manaus, 25.01.2022


 
 
 
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