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Em: 17 de Novembro de 2025

O sol nasceu quando era esperado e desapareceu quando chegou a hora” (Chachá. Banquete de Lendas. 2017).  

-  O Amazonas vai tremer quando “A Sultana do Seringal” chegar às livrarias e revelar, tim-tim por tim-tim, quem foi que comeu a esfiha da minha amiga Charufe Nasser. O livro já está no forno com belíssima capa da artista plástica Rita Loureiro.

Foi assim, brincando com o duplo sentido, que anunciei na coluna Taquiprati, em 2004, o livro da Charufe, cujo corpo será sepultado nesta segunda-feira (17) no Cemitério São João Batista. Ela morreu na sexta (14), aos 79 anos, no Hospital 28 de agosto, em Manaus e agora percorre os “verdes e floridos campos da Valhalla” em direção ao Salão dos Mortos.



Derrite e a nova guarda da velha ordem

Em: 17 de Novembro de 2025

Tags: golpe Ditadura Polícia; Censura Chacina

"Pai, afasta de mim esse cálice."

(Chico Buarque) 

Caboco, nessa correria em que a gente vive, notícia de semana passada já tem cheiro de peixe esquecido na geladeira. A chacina do Rio, por exemplo, já está virando assunto velho, empurrado pra debaixo do tapete como quem varre a sala só até onde o sofá cobre. A sociedade líquida do Bauman não deixa nem o café esfriar — imagina então esperar investigação séria.

Pois me dá licença, parente, que eu vou remar contra essa maré rasa. Quero voltar a um acontecimento que não se esgotou, não, senhor. E que continua tirando o sono de muita gente: o medo diário, a tortura psicoemocional das vítimas, aquelas que sobram vivas pra carregar a memória. https://www.taquiprati.com.br/cronica/1803-derrite-e-a-nova-guarda-da-velha-ordem

 
 
 

14/11/2025


Prezado José Seráfico,


Receba esta carta aberta como gesto de reconhecimento público e, sobretudo, de gratidão. Em um tempo em que o ruído supera a razão, em que a pressa abafa a reflexão e em que o debate ambiental é frequentemente reduzido a slogans, sua voz continua sendo uma das poucas que pensam antes de falar, sentem antes de julgar e compreendem antes de condenar.

Seu artigo recente O melhor resultado— lúcido, firme e incômodo como toda verdade necessária — devolveu à COP30, ao Brasil e ao mundo uma reflexão essencial: a crise climática não é uma crise da natureza, mas sim uma crise da humanidade.

Sua leitura sobre Belém, sobre o planeta e sobre a arrogância que moldou o nosso tempo ilumina um aspecto que raramente encontra lugar nas mesas oficiais: a crise moral que sustenta a crise ambiental. Você relembra que a devastação não é produto do acaso, mas consequência direta de escolhas humanas marcadas por ganância, desigualdade e uma falsa sensação de superioridade sobre as demais formas de vida.

É por isso que seu texto é muito mais que uma análise — é advertência. Não é apenas diagnóstico — é convocação. Não é apenas narrativa — é um ato de cuidado.

Cuidado com a linguagem, com a verdade, com a integridade. Cuidado com a Amazônia e com as gerações que vêm depois de nós. Cuidado com o sentido maior da existência humana neste planeta compartilhado.

Ao afirmar que muitos dos desastres “ditos naturais” carregam a assinatura da ação humana, você devolve profundidade ao debate. Recorda que não basta apontar para o colapso; é preciso compreender a engrenagem que o produz. E essa engrenagem — como você demonstra — está enraizada em valores distorcidos, em estruturas de desigualdade que persistem mesmo diante da inteligência e da tecnologia que proclamamos possuir.

Seu texto honra aquilo que a Amazônia mais precisa: lucidez intelectual e coragem moral. Honra também o legado de pensadores amazônidas que, como você, sabem que a floresta não é apenas cenário, mas sujeito. Não apenas patrimônio, mas princípio de vida. Não apenas território, mas fundamento espiritual e político da nossa sobrevivência.

Por tudo isso, agradecemos. Agradecemos pela clareza que nos devolve. Agradecemos pela gravidade com que trata o que é grave. Agradecemos pelo rigor com que recoloca o homem no seu devido lugar — dentro da natureza, não acima dela.

Agradecemos, sobretudo, por continuar a escrever com o coração crítico e a mente desperta, lembrando a todos nós que não existe futuro sustentável sem revisão ética do presente.

Em nome daqueles que trabalham pela Amazônia, que a estudam, que a defendem, que a vivem, e que não aceitam a mentira confortável do progresso predatório, registramos aqui nosso profundo respeito e reconhecimento.

Com estima, admiração e compromisso,

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*Alfredo LopesBrasil Amazônia AgoraManaus, Amazônia2025editor-geral.




 
 
 

Em: 11 de Novembro de 2025


Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias”.

(Eduardo Galeano. O Caçador de Histórias. 2016)

O deslumbramento foi tal que, mesmo com o tempo chuvoso em Niterói, levei as três netas para a Exposição Redescobrindo o Brasil em fios: 200 anos de histórias e memórias bordadas, inaugurada sábado (8). Com curadoria de Ricardo Lima e Marisa Silva, a exposição itinerante inspirada no Bicentenário da Independência do Brasil exibe criações de artesãos de 28 municípios do Rio, que me trouxeram remotas lembranças da dona Zulmira, vizinha do bairro de Aparecida, em Manaus, além de recuerdos mais recentes do Chile.

À tardinha, sentada na calçada em frente à sua casa no beco com esgoto a céu aberto, dona Zuzu enrolava fios com bilros – instrumento artesanal de madeira para trançar e fazer renda sobre uma almofada. Mas manteve a técnica em segredo, nunca ensinou a ninguém, talvez por isso Deus a castigou e ela demorou a namorar com seu Fiúza, funcionário do Serviço de Proteção aos Índios (SPI), que a provocava cantando o conhecido xaxado do namoro de Maria Bonita e Lampião:


 
 
 
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