Que perdoe
o João montado
em alazão de rosas
ornado
viver é perigo só
perigoso morrer
é pior
cada dia
cada hora
cada minuto
todo instante
traz a certeza da
asfixia
dum ir embora
à revelia de
um peito arfante
se o líquido entra
garganta abaixo
trazendo a cura
por que anseio
a injeção põe em meu corpo
a saúde com que passeio
longe da pedra
do ataúde que a todos
traz só receio
é a pomada com que
combato
certos males de que me
permeio
goteja muito atenta
longeva companheira
acompanhando os nossos passos
como pacto bem cerzido
sem nos deixar de lado
desde o primeiro vagido
constrói o fim
sabendo-o certo
desde a chegada incerta
com suas artes marotas
leva-nos à morte todo dia
como se a bebêssemos
em gotas.