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O vice-Presidente Geraldo Alckmin presidirá a reunião do Conselho de Administração da SUFRAMA - CAS. Ex-governador de São Paulo, os sucessivos mandatos por ele exercidos levaram-no a ser visto como inimigo da zona franca de Manaus. Num certo sentido, esse sentimento generalizado entre os que não sabem o significado do arranjo federativo, ocultou os vírus instalados nos 10.000 km2 do território a que se aplicam o Decreto n° 200 e legislação posterior. É como se cobrássemos do governador paulista o cumprimento de promessas que ele jamais nos fez. Afinal, seus eleitores naquelas disputas moravam e ganhavam a vida lá, não em território amazônico. Muitos deles, levando os ganhos daqui para aquela unidade da Federação, em geral assegurando crescente qualidade de vida aos acionistas ou proprietários de lucrativas plantas industriais beneficiadas com os incentivos fiscais aqui vigentes. Enquanto governador de São Paulo, à população dali é que Alckmin deveria prestar contas e cumprir promessas. Agora, é outra a posição do político nascido em Pindamonhangaba. Seus compromissos, como o do seu companheiro na chapa vitoriosa, referem-se à população brasileira. Se, diferentemente da maioria, ele entende o significado da Federação e os deveres de quem está no topo da hierarquia federativa, imaginá-lo gratuitamente hostil à zona franca ou a qualquer outra iniciativa de qualquer unidade federada pode ser enorme equívoco. A não ser que haja a oculta intenção de tirar proveito de caráter nada coletivo. Alckmin, como tantos outros que entendem um pouco das relações da zona franca, sabe como ela é importante para o Estado por ele quatro vezes governado. Quem sabe, na posição em que agora se encontra, ele acaba propondo algo benéfico à ZFM, à Amazônia e a todo o Brasil? Que isso não é possível, que o demonstrem os burocratas viciados em rotinas e cultores do passado.


 
 
 

Conhecem-se como varões de Plutarco aquelas pessoas dotadas de comprovada idoneidade e ilibada conduta. Mesmo sabendo quão reduzidas numericamente elas vão se tornando, não há como evitar certas comparações. Neste caso, da Antiguidade com estes dias que se dizem de irrecusável progresso. Naquele tempo, o historiador romano indicava os servidores mais próximos dos governantes, que lhes ouviam os conselhos e recomendações. Sem receberem propinas, promessas ou presentes, tais auxiliares passaram à História porque se mantinham fiéis e obedientes aos interesses da coletividade - resumidamente, a res publica. Neste período em que a contemporaneidade empreende caminho de volta à barbárie, proliferam as varejeiras, à falta dos varões. Moscas facilmente atraídas pelo menor e adocicado quitute, elas levam seus trágicos apetites a todos os lugares. Quando não ocorre de se ocuparem em buscar alimento nas lixeiras. Não importa se isso destine suas vítimas à cova de um cemitério ou às quatro paredes de uma prisão. Se a justiça humana, mesmo republicana, prolonga o período de desfrute de sua maldosa predação, a História se incumbe de apressar a punição. Umas, vendo-se constrangidas a devolver objetos de sua apropriação indébita; outros, sendo defendidos e protegidos pelos que um dia se viram perseguidos e injustiçados pela parcialidade já devidamente constatada. Se - e quando - chegar, a justiça dos homens talvez encontre as varejeiras convivendo sobre outras mesas onde a culinária seja mais farta e doce. Mesmo que de seus antigos inimigos. Sabor nào é saber.

 
 
 

Insisto, na esperança de saber algum dia, ter havido alguém que o leu ou ouviu: o futuro que o suíço Stephen Zweig viu não se apagou de todo. O Brasil pode, sim, realizá-lo! Vencer a frustração do nosso hóspede e, valendo-nos das condições naturais e humanas dos que nele sobrevivem, realizá-lo, não como a terra da eterna promissão, mas a terra de permanente realização. Elenquemos as razões por que, diferentes dos demais - a maioria, certamente - dos países, nosso encontro com o futuro se torna exequível. Em primeiro lugar, nossa extensão territorial. Vista pelos pessimistas como um entrave, a grandeza territorial é, ao contrário, favorável a projetos e sonhos impossíveis aos nossos irmãos de outros pontos do Planeta. Porque dispomos de extensa área (8,5 milhões de km2), também desfrutamos de condições ambientais diversas, de tal modo que carências decorrentes de fenômenos sazonais sempre encontrarão meios de compensação. Enquanto no Sul há estio, o Norte recebe fartas águas; se os gaúchos e seus vizinhos sofrem o efeito das geadas e temperaturas baixas, o sol banha a costa nordestina. A vegetação esturricada pelo sol do agreste tem como resposta as safras de outras regiões. Daí a possibilidade de serem exploradas (desde que racionalmente) espécies vegetais e animais propícias à alimentação de todos os brasileiros, em igual nível de nutrientes. Desde que, é óbvio, não falte a infraestrutura correspondente. Apontem-me carência energética, e lhes direi que só um limite se terá tornado fundamento dessa indicação: a ignorância a propósito das fontes de energia com que a natureza dotou o Brasil. Se eólica, se hidréletrica, se bioenergética, se provinda das águas pela alteração térmica - tudo isso será encontrado em nosso território. A dificuldade de comunicação desastradamente apontada, encontra robusta resposta na possibilidade de serem utilizados os cursos d'água, não apenas na região considerada poeticamente o Planeta das Águas, mas em quase toda a extensão do País. Quando os rios não suportariam tráfego intenso de embarcações gigantescas, sempre se encontrará terreno propício à construção de rodovias e ferrovias não-agressivas ao meio ambiente. Recursos florestais não faltam, tanto quanto são numerosas as fontes de proteína animal, desde que se prestigie, apoie e financie a produção de conhecimento aplicável a cada uma delas. Por último, mas sem a pretensão de exaustividade. é bom lembrar, enquanto oportuna, a pirâmide etária de nossa população. Ainda dispomos de expressivo contingente da população em condições de participar do mercado de trabalho,

condição cada dia comprometida com a queda na taxa de fertilidade.

Alguns dirão que sonho. Não posso contestá-los. Fazê-lo seria renunciar à condição mais humana de que me considero portador. Não sei de outro animal que sonhe. Menos, ainda, que o sonho tenha outro limite, se não aquele imposto pela própria experiência do Homem. Se ainda não foi tentado, que o façamos!


 
 
 
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