Hostil à dedicação de um só dia do ano a homenagear este ou aquele profissional, este ou aquele sentimento, hoje fujo à regra. E sou levado a lembrar do Dia Internacional da Mulher, menos pelo que ele multiplica a venda de produtos para mulheres, que pela inclusão de Anielle Franco dentre as 12 mulheres mais respeitadas no Mundo. Também não é o fato de ser a prestigiada e poderosa revista Time a iniciativa de destacar a atual Ministra da Igualdade Racial, colocando-a em sua lista. A novidade vem por conta de Anielle ser uma preta, favelada e militante das causas relacionadas a um dos mais graves indicadores da tragédia por que passam os de sua classe social - lá onde o destaque lhe foi dado, como aqui, onde sua irmã de sangue foi abatida. Comove-me, sobretudo, a disposição de Anielle em não abandonar a luta a que se entrega, até certo ponto - como ela mesma confessou - para não deixar cair no esquecimento o assassinato de Marielle. Não se pode exigir que outras mulheres se exponham a perder a vida como a perdeu a vereadora fluminense. Pode-se sugerir, contudo, que vejam no exemplo de Anielle conduta capaz de motivá-las todas a participar de mãos dadas com os defensores das causas abraçadas pela professora e tantos outros que se fazem seus companheiros.
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Professor Seráfico - 7 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Em nome da governabilidade vale tudo, correto? Não, nada mais abjeto! Se a governabilidade for vista apenas como a manutenção no poder dos que o conquistaram democraticamente, justifica-se a expressão inicial. Se, porém, o compromisso com a democracia permanece nos que chegaram ao poder graças à segurança que ela proporciona aos cidadãos, governantes e governados, aí então não há como aceitar ou sequer admitir a validade da frase que abre este texto. Em qualquer governo democrático – e porque o é -, muitas vezes há a necessidade de ceder, para fazer maior a probabilidade de boa gestão. Não fosse a contradição ideológica e não existissem diferenças entre os grupos que buscam o poder, não haveria como falar ou criar a democracia. O que torna viável esse sistema político é exatamente a diferença. Na visão de Mundo e das gentes que o habitam. A percepção dos cidadãos, diferentes, leva a sonhos, objetivos e procedimentos igualmente diferentes. À custa das armas, pouco restaria (ou nada) como método de resolução dos problemas, se não a força. Isso, num certo sentido, realça o contraste tantas vezes apontado entre Política e Guerra. Numa e noutra, sempre se haverá de encontrar limites. Mesmo na guerra, não importam as atrocidades que a caracterizam, há certas regras e limites que, desobedecidos, deslustram a vitória e transformam em Pirro seus comandantes. Na Política, a aproximação entre adversários (na guerra, inimigos) haverá de ser feita sempre e em qualquer hipótese, com base no interesse público. Sem a observância disso, rui qualquer pretensão de democracia e governo democrático. Tudo isso, para dizer que o Tripresidente Luís Inácio Lula da Silva não tem como fazer diferente. Exonerar o Ministro José Juscelino dos Santos Rezende Filho, das Comunicações, corresponde à cabal confirmação do compromisso endossado pelos que, à boca das urnas, conduziram-no ao Palácio do Planalto. Usar um avião oficial para cumprir agenda majoritariamente dedicada a fatos de interesse marcadamente pessoal não merece menos que a queda do posto. Mesmo se um dia um desses aviões chegou a transportar drogas. Ou a lançar opositores do governo em alto mar. Mesmo, ainda, se pretextos e alegações pueris são apresentadas, à guisa de defesa.
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Professor Seráfico - 6 de mar. de 2023
- 1 min de leitura
Governabilidade é uma expressão que assumiu foros de fetiche. Por dá cá aquela palha, ela surge, a justificar ou pretextar qualquer propósito. Não raro, sem nenhum propósito. Quando os partidos políticos proliferam com a mesma rapidez das ervas daninhas, é compreensível tecer alianças que propociem condições mais favoráveis à aprovação das propostas e projetos oriundos do Poder Executivo. Não é diferente em qualquer país que ostente certo verniz democrático. Compreenda-se, por isso, a busca de apoio no Congresso, tarefa tão mais complexa quanto maior o número de legendas partidárias com assento nas duas Casas. Importa pouco, por inoportuna, a discussão sobre a pulverização das legendas. A realidade está posta: promessas e projetos não passam sem a participação dos partidos na máquina de governo. Nem a conquista de aliados que deem base e emprestem adesão aos projetos oriundos do Poder Executivo. O que se pode discutir, portanto, é o fundamento da tal governabilidade. Dizer que ela terá sempre que privilegiar o toma-lá-dá-cá costumeiro porque não se vislumbra outro caminho, parece-me sobretudo aplaudir o que, até ofensivamente agride o espírito do santo de Assis. O art° 3° da Constituição diz, com todas as letras e de maneira extraordinariamente transparente, dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Pois ali está contida a fórmula da liga que haverá de reunir forças capazes de levar adiante um projeto de nação. O resto é, mais que esperteza, a confissão de profundo pauperismo político, se não for prova contundente dos maus propósitos dos que governam ou desejam governar.
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