Pode ser pura verdade, pode ser total mentira, como também pode ser a mescla entre as duas, porque toda meia-verdade contém meia-mentira. Leio, porém, na revista Fórum que circula nas redes da internet, quanto a viciada "boa-fé" das ditas "pessoas de bem" tem prejudicado o Brasil e sua população. Não toda, é óbvio! Prejuízos são intoleráveis para esse tipo de "pessoas". O "bem" é tudo quanto elas desejam - sempre para si mesmas. Pois não é que o Banco Central, do alto de sua soberania, busca tirar proveito direto da exploração ilegal do ouro e, indireto, do extermínio dos Yanomami?! O fato e a prática a que se tem aliado o BC soberano de Roberto Campos Neto saiu das sombras, depois de determinado o sequestro de mais de 2 bilhões de reais pertencentes a investigados pelas autoridades policiais. Estes, porém e como de praxe, ainda não têm os nomes identificados para o público. Não são negros, muito menos pobres. Daí merecerem o tratamento que o poder (ao fim e ao cabo, um de seus mais preservados bens) público costuma dispensar a esse tipo de gente (com perdão da palavra inadequada!) Pelo que se sabe da reportagem de Fórum, entre maio e julho de 2021 o BC comprou cerca de 130 toneladas de ouro (R$ 39 bilhões, à época), de produtores cuja boa-fé louvada na lei generosa que acoberta todo tipo de ilegalidade coloca tais negócios abaixo apenas da Tailândia e da Hungria. Lá também há muito boa-fé em pessoas "de bem". No caso brasileiro, sem que fosse dispensada a intervenção das Distribuidoras de Valores Mobiliários, pois a estas cabe tornar as transações com o ouro mais transparentes e auditáveis. Uma empresa sediada nos Estados Unidos da América do Norte intermediava os negócios com suas congêneres, em outros países. Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos, os mais destacados. O controle contábil pelo qual o BC se responsabilizaria registra em 2020-2021 notas fiscais eletrônicas fraudulentas correspondentes a mais de R$ 4 bilhões, aproximadamente 13 toneladas de ouro ilícitas. Boa Vista é o ponto inicial do processo em que operam as "pessoas de bem" portadoras da "boa-fé" só agora posta à prova. Os destinos do ouro lá extraído são a Venezuela, Suriname e França (pelo Departamento da Guiana Francesa). A mesma revista informa sobre uma certa honorável senhora, Creusa Buss Melotto, atribuindo-lhe o benefício da liberação de uma área de 9,8 hectares, vizinha à terra Yanomami, em Roraima. A autorização foi dada pelo então Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno. Uma particularidade: A beneficiária fora condenada e cumpriu pena por tráfico de drogas, sendo depois denunciada por suspeita de receptação de pneus roubados.
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Professor Seráfico - 22 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
De 2020 a 2022, a multidão de famintos que habitam o Brasil somou 14 milhões de pessoas. Enquanto eram produzidos os 700.000 mortos pela covid-19, crescia o número dos que não se alimentavam. Dentre eles, adultos e crianças Yanomami integrantes do quadro dantesco que as televisões e redes de internet fizeram entrar porta a dentro de nossas casas. Não terá entrado, porém, no coração de todos os moradores. Alguns deles, solidários ao negacionismo oficial então vigente, preocupavam-se mais com o porte e uso de armas. Desconhecido como fenômeno social por esses grupos, a fome também pode ser exterminada, porque ao extermínio é que se dedicam esses seres que sequer merecem a classificação de humanos. Muito por isso, a CNBB se vê forçada a dedicar, pela terceira vez em menos de 40 anos, sua Campanha da Fraternidade a essa que é cabal revelação do egoísmo que tem caracterizado nossa tão desigual sociedade. Em 1975 e em 1985, não foi outra a bandeira da Campanha. De tal modo regredimos, que 38 anos depois os bispos brasileiros, a grande maioria fiel a Francisco, decidem trazer de volta o tema. É impossível a qualquer ser humano merecedor do qualificativo, admitir a reinclusão do Brasil no mapa da fome. Pior, com a expansão dessa mancha vergonhosa, hoje estimada em 33 milhões de famintos. Não obstante, o Brasil registra sucessivo e expressivo crescimento na exportação de proteína animal e vegetal, com a superação anual de seus próprios recordes. Dos primeiros países, no ranque de produção e exportação de proteínas, juntamos a esse marco o da fome crescente a afligir boa parte da população. Mais que um gesto fundado apenas na fé, a decisão dos bispos brasileiros funda-se na fidelidade àquele que, crucificado, entregou seu sangue para que outros, seus contemporâneos e pósteros, pudessem tê-lo percorrendo suas vias e artérias.
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Professor Seráfico - 22 de fev. de 2023
- 2 min de leitura
Oportunas e fundamentadas, as advertências do cientista Philip Fearnside (do INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), publicadas em A Crítica, edição de 18/19 deste mês, têm que ser observadas pelas autoridades de toda a Região. O integrante do grupo de cientistas premiados com o Nobel da Paz (2007) acumula vasta e profunda experiência como pesquisador e jamais se negou a pôr a nu a realidade de levar às autoridades suas posições. Nenhuma delas embalada por interesse pessoal ou vínculo ideológico. Além de produzir conhecimento sobre a região e os que a habitam, Fearnside não se descuida dos riscos que a Amazônia sempre correu e ainda corre. Por isso, ele não vê com bons olhos a pretensão de reconstruir a BR-319, sobretudo pelas alternativas viáveis, onde a rede fluvial se revela propícia ao transporte de bens e pessoas. Isso, ele acentua, já foi reconhecido por parte do empresariado local ou dos que mantêm negócios produtivos, mesmo no Polo Industrial de Manaus. O cientista do INPA não foge ao tratamento dos problemas da mineração, opondo-se fortemente à simples legalização da atividade, como se se tratasse apenas de um problema jurídico. Especificamente quanto à pretendida exploração do potássio e seu aproveitamento industrial, Philip Fearnside resume a questão a um comentário que parece não frequentar a cabeça dos que têm discutido o tema. Diz ele: "a mineração não é o caminho para o Amazonas se desenvolver. Primeiro, porque tem essa maldição dos recursos naturais (como fonte inesgotável) e porque tem muitos impactos ambientais. O cientista foi além, informando ser a mesma empresa canadense que constrói a hidrelétrica de Belo Suan, no Pará, fazendo uma enorme catástrofe - diz Philip na entrevista. A tragédia dos Yanomami também foi tratada na entrevista, dando a oportunidade de o entrevistado aplaudir as primeiras medidas tomadas pelo governo, como as ações do IBAMA e outros órgãos ligados às questões ambientais e(infelizmente) o vêm revelando. Se desejássemos resumir as sempre ponderadas e firmes considerações do cientista do INPA, poderíamos dizer que representam um alerta. Mais que isso, um apelo a que os responsáveis pelos setores oficiais ou não dedicados às questões da Amazônia tratem de estudar a região, compreender suas peculiaridades e sua riqueza, sem perder de vista quanto essas riquezas informam o conceito de maldição dos recursos naturais. Ou seja, porque a Amazônia é rica e diversa, ela desperta todo tipo de cobiça e se vê constantemente ameaçada. Mais que todos, os Yanomami e nossos irmãos de outras etnias sofrem permanente ameaças, não faltando brasileiros alheios a essa realidade. Convoquemos Philip Fearnside e muitos outros de seus colegas da academia (INPA, UEA, FIOCRUZ, UFAM etc.), sempre que quisermos falar ou saber da Amazônia - como ela é, o que dela podemos extrair, sem atentar contra os direitos das populações que a habitam nos lugares mais remotos. Também o que desejamos que ela seja.
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