Vida marcante
- Professor Seráfico
- 13 de fev.
- 2 min de leitura
Hoje, faz 100 anos que veio ao mundo Elizabeth Teixeira. Seu nome de batismo não é esse, como ocorre com tantos outros brasileiros que tentavam escapar das mãos assassinas, obedientes à mais maldita de todas as sinas - torturar e matar os que lutam pela democracia e os direitos humanos. Viúva do líder camponês João Pedro Teixeira, Marta Maria da Costa não deixou por menos: em Sapé ou em outros locais da Paraíba, continuou a lutar pelos direitos dos camponeses antes liderados pelo marido, compromisso até hoje cumprido nos sertões do Nordeste brasileiro. Não bastasse ter o marido assassinado pela ditadura, Marta-Elizabeth encontrou forças dentro de si mesma, para enfrentar os que não vieram ao mundo senão para espalhar o terror, a ignomínia e a aversão à Paz. Depois da morte do marido, outro golpe, desta vez imposto pelo primeiro, ocorrido em 1964, fez da líder camponesa um Cid à moda do cavaleiro-herói de Burgos. De nada adiantou mantê-la aprisionada por 8 anos, nem força-la a migrar pelo campo nordestino, em busca da justiça social e da realização dos sonhos da multidão de brasileiros excluídos, e dos quais ela foi companheira desde a mais tenta idade. O suicídio de sua filha mais velha, se deixou no coração da brava centenária paraibana imorredoura saudade, também serviu para ratificar a solidariedade e o espírito de luta e determinação com que enfrenta os percalços registrados na vida dos verdadeiros seres humanos. Conta-se dela, no filme estreado em 1984, Cabra marcado para morrer, muito mais do que será encontrado nestas e em outras tão pobres linhas. O documentário do cineasta Eduardo Coutinho , tendo como atores os protagonistas da vida nordestina no campo, testemunha a luta de Elizabeth-Marta Maria, onde abunda o que de melhor o animal dito superior apresenta para a construção da ideia, do sentimento e da vontade de fazer-se realmente humano. Chegar aos cem anos, depois de tanto sofrimento, parece um prêmio dado pela Natureza aos que fazem do amor próprio um compromisso permanente com o amor a todo próximo. Maria Marta da Costa ou Elizabeth Oliveira também ainda está aqui, para dizer-nos quanto a vida pode ser bela. Basta que se multipliquem, pelo exemplo, pela solidariedade, e pela determinação, aqueles que, como João Pedro e sua viúva, entregaram a sua vida a causa tão justa quanto digna. Marquemos todos, em nossa memória e em nosso calendário, o dia 13 de fevereiro, quando veio ao mundo uma das mais dignas mulheres brasileiras - Marta Maria de Costa. Que a História fez Elizabeth Teixeira. (No ESPAÇO ABERTO, o filósofo e professor JOSÉ ALCIMAR DE OLIVEIRA, em belo e comovente texto, presta sua homenagem a Marta Maria e à irmã Dorothy Stang. Leia,-o).
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