Jorge Porto*
O vento sussurra segredos antigos,
De um tempo em que a chuva e o sol eram amigos.
A formiga, mensageira fiel da anunciação climática
Agora caminha sem rumo, sob o céu.
O sábio, com olhos atentos,
Registra o caos dos elementos.
As estrelas se calam, o rio se confunde,
Na dança desritmada das horas do mundo.
Mãos que plantam, olhos que preveem,
Agora colhem incertezas, o medo que tece.
A planta chora, a terra implora,
Por um tempo que volte, que seja previsível.
Mas há esperança no peito que luta,
Na voz que ecoa, na canoa em chamas.
Pois cada história contada, cada lição aprendida,
É um passo à frente, nos tempos do não retorno.
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*Cientista, pesquisador do INPA, faz-se poeta e segue a observação do colega Tetsuo Yamane - Ciência e Poesia buscando ambas a Beleza.
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