Pelo menos não se pode acusar o governador Eduardo Leite de insincero. É possível que nele se tenha manifestado o que meu velho e saudoso mestre de Direito Penal Aldebaro Klautau chamava oasis de honra. Aquela porção escondida no mais profundo da alma humana, algumas vezes emergente e dada a conhecer. Depois de desmontar o sistema de proteção ambiental do Estado que ele governa em segundo mandato, Leite colhe os maus frutos de suas decisões. É quase certo que ele não esperava resposta extraordinariamente agressiva, trazida nas águas do Guaíba e de outros rios que integram a rede hidrográfica do Rio Grande do Sul. Ao menos imaginar que ele revelou desprezo pelos interesses da população gaúcha talvez fosse de bom aviso. Seria, contudo, ignorar o ideário que orienta sei governo e a conduta dos que o têm inspirado. Dar crédito à Ciência não é algo que se possa identificar com os valores por ele professados. E postos em prática. Quando lhe foi cobrada atuação efetiva para reduzir o sofrimento dos gaúchos e lhes dar a assistência necessária e devida, ele não hesitou: preocupava-o não a vida e a fome de seus coestaduanos, mas o comércio local. Não demorou acrescentou outro item ao rol de sincericidios cometidos. Ele disse que não pode atender às recomendações dos especialistas porque tinha outras tarefas executar. Ou seja, suas prioridades são outras, não a que têm a ver com o bem-estar, a saúde e a vida dos habitantes do Rio Grande do Sul. Mais uma razão para fortalecer em mim a convicção de que governos jamais erram; simplesmente, escolhem os beneficiários de suas decisões.
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