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Peço licença

Temos sido impactados por atos bárbaros de violência, já há algum tempo. Na semana passada, as redes sociais foram mais uma vez veículos de ódio contra o Papa Francisco, com "bons cristãos pela família e por Deus" pedindo sua morte.

Esta semana está sendo aberta com a agressão ao Marcelo Rubens Paiva, escritor, cadeirante, cidadão que nunca fez mal a ninguém.

Diante de tanta barbárie, peço licença.

Peço licença a todos para falar de coisas boas. Quero dizer ao mundo que é preciso ter esperança, pois a bondade ainda resiste como prova inexorável da humanidade que temos lá no fundo da nossa alma.

Peço licença a todas as mulheres para lhes dizer que continuem a regar os jardins de flor-de-lótus e sempre-viva. Neles residem o amor à vida e a luta incessante por justiça e igualdade.

Peço licença aos homens para pedir que seus braços se entrelacem aos meus e de todos os espíritos de bem, para que numa manhã de primavera possamos juntos aguar os jardins de flor-de-lótus e sempre-viva cultivados por nossas companheiras.

Nesses jardins, olharemos para o céu e veremos nuvens de muitas cores. Aquelas cinzas já não carregarão raios nem trovões; jorrarão apenas água com gosto de hortelã.

Peço licença aos seres humanos de todas as cores, credos, sexualidades, raças e de bom coração para lhes convidar a construir um mundo melhor, usando como tijolo a solidariedade e o amor. Sei que muitos carregam no sorriso e no gesto um dom natural para edificar a bondade.

Peço que atendam meus pedidos. Eles não são impossíveis. Nasceram daquele desejo enorme de uma criança faminta por comida. Nasceram das lágrimas caídas diante da injustiça, do feminicídio, do preconceito, do racismo e da mentira.

Nossos sonhos e desejos têm dor e resistência. Têm a angústia da distopia que bate à nossa porta, mas têm a alegria de quem nunca vai abrir mão da esperança.

Peço teu abraço e teu apoio para juntos começarmos a construir a justiça social e a felicidade.


Lúcio Carril

Sociólogo


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