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Pauta errada -ou apenas conveniente

Estranho a ocupação dos espaços nos jornais impressos, nos comentários de rádio e televisão e nas diversas redes que disseminam notícias (muitas vezes, falsas notícias), por análises no mínimo suspeitas. Algumas vezes, tendenciosas ao limite. Élio Gaspari, por exemplo, chega ao ponto de quase comparar a conduta do ex-Presidente condenado a 27 anos de prisão ao general (também traidor de sua pátria) Pétain, que morreu, octagenário, na cadeia. O que aproxima um do outro, é o fato de terem ambos cometido crimes. Nada mais. Outro ponto em que certos comentaristas insistem, é a tentativa de mostrar as diferenças entre a reação e a conduta de Lula e a de seu mais feroz opositor, como se se tratasse de personalidades comparáveis. Como se água e vinho pudessem ser comparados em substância. Neste caso, poderíamos dizer existir a metáfora do copo, cheio de bons sabores ou apenas vazio de qualquer coisa. O copo e a cabeça. O coração, também. Reduzir tudo à questão da violência e à necessidade indiscutível de combate-la, igualmente me parece pouco. Como é pouco pedir que Lula procure atualizar-se com a realidade mundial e seus reflexos no ambiente interno, impossível de ignorar o fenômeno da globalização e seus efeitos sobre todo o Planeta. Mais que isso, a pauta apresenta-se errada, sobretudo por que finge ignorar as relações, seja do ponto de vista sensível à globalização, seja sob a perspectiva essencialmente nacional. A História Universal conforma-se no campo da diplomacia, mas as vantagens que as guerras produzem para alguns têm-nas feito preferidas pelos que dispõem mais de armas que de ideias e valores realmente humanos. Internamente, não faltam críticos ao exagerado apego à conciliação, que nos tem feito perder excelentes oportunidades de tornar menos injusta e discriminatória a sociedade brasileira. Resumo, repetindo comentário recentemente publicado em A Crítica, de Manaus (O melhor resultado da COP, 13-1--2025). Tanto quanto todos podem observar, o atual sistema de produção e a distribuição da riqueza dele advinda só têm aumentado a desigualdade. Este, na verdade, o grande - e talvez único - problema a ser debelado. O resto restará como consequência relativamente fácil de controlar, evitar e remover. Por que não há mais advogados dessa tese? Na mesma medida em que a sociedade produz o homem que a integra, o conjunto destes é que produz a sociedade. Um adendo, apenas: a POLÍTICA é a forma mais adequada ao tratamento das diferenças e da superação das desigualdades naturais, mas também é aquela em que a VONTADE, pessoal e coletiva, pode levar à realidade que todos dizem combater - grande parte, hipocritamente -, sem que façam menos que aprofundar a perversidade e a discriminação reinantes. Disso, quase ninguém tem tratado. O pequeno número dos que tratam recebem a resposta pelos caminhos da pura e simples extinção e da mentira.

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