Novo Calvário
- Professor Seráfico

- 5 de nov.
- 1 min de leitura
Quando se pensa encerradas as demonstrações da perversidade humana, acontece algo capaz de apagar ou reduzir a esperança na sociedade humana. Ainda repercute - e há de repercutir, enquanto a maldade não for extirpada- a chacina promovida pelos homens de bem, em favela fluminense, sabe-se de fatos tão desumanos quanto a matança registrada. Desta vez, a atuação de um cantor improvisado gera manifestações de protesto do que resta de dignidade numa população envenenada. Não é, propriamente, a autoria do espetáculo mais recente que desafia a compreensão humana, além de ofender os bons sentimentos. Afinal, quem pode o mais, pode o menos. Se determinar a aplicação da pena de morte foi possível, menos difícil é compreender que tal feito seja festejado pelos que o fizeram. O lugar em que tal comemoração ocorreu é a única novidade exibida. Foi lá, em igreja da paróquia de Santa Rosa, na Barra da Tijuca, que governador fluminense arrancou da plateia entusiásticos aplausos. Não sei como se sentiria grande parte dos católicos que buscam sinceramente ser fiéis àquele que considera enviado de Deus, diante da lamentável cena. Enquanto no altar a imagem do crucificado mantém-se inerte, seus olhos de moribundo testemunham o que sua mãe aflita e uns poucos seguidores contemplaram no Gólgota. Quem oferecerá misericórdia ao peregrino da Judéia?

Comentários