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Má vontade e cidadania

Belém do Pará prepara-se para sediar uma das mais importantes reuniões de âmbito planetário. Encontro que, pela natureza e complexidade dos problemas e temas que serão tratados, interessa sobretudo aos que se preocupam com a saúde do Planeta e dos que o habitam - o clima. Com a saúde dos seres humanos, tanto quanto da natureza habitada pelos seres vivos e onde são abundantes recursos da mais rica diversidade. Parte majoritária do território brasileiro, a Amazônia tornou-se o centro das atenções de cidadãos e governos estrangeiros, quando se constatou sua importância para a manutenção da saúde do Planeta. Faz décadas, o historiador amazonense Arthur César Ferreira Reis denunciou o que chamou a cobiça internacional pela Amazônia. Com isso, o ex-Superintendente do Plano de Valorização Econômica da Amazônia - SPVEA advertia para os riscos corridos pela Região e sua população, caso a indiferença, a ignorância e a omissão orientassem as decisões dos gestores - do País e da Região. Não obstante essas circunstâncias, segmentos sociais e gestores de outras unidades federativas expressaram antipatia e contrariedade a respeito da escolha da capital paraense para sediar a COP30. Nada menos que a repetição de preconceitos e hostilidades não raras em nossa História. De um lado, aqueles que veem a Amazônia e todas as unidades federativas que a integram como mero repositório de recursos naturais reservados à sua ganância e ao egoísmo; de outro, os que se têm preocupado em mantê-la viva e capaz de aproveitar a riqueza que a caracteriza, sem causar prejuízos a terceiros. Óbvio que há exceções, num lado e no outro. Tanto se registra o apoio vindo de cidadãos nascidos, formados, criados e habitantes em unidades do Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste às reivindicações dos amazônidas, quanto se registra dentre estes a presença de indivíduos hostis a essas mesmas reivindicações. Preocupa, porém, que governantes ou pessoas portadores de algum naco do poder, aqui e acolá, engrossem o coro dos cobiçosos que o ex-professor e governador do Amazonas denunciou. Chama a atenção dos inimigos da Amazônia, sobretudo, o volume de recursos que o poder central aplicou, para transformar a fisionomia da capital do Pará, para receber o Mundo - porque é disso que se trata - em novembro de 2025. Melhor, ainda, quando percebido nada ter mudado, em termos do espírito da cidade de Belém, reconhecidamente dotada de caráter peculiar, que alguns visitantes consideram não se assemelhar a qualquer das outras capitais. A resposta cabana às suspeitas de que a falta de leitos na hotelaria justificava levar a reunião para outra cidade, em outra região do País, foi dada por fato recente. Mais importante, devolvendo a reposta com outra indagação: como duvidar que uma cidade que acolhe 2.600.000 pessoas para uma procissão não tem como acomodar 50.000 visitantes?

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