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César e Brutus

O colunista Ruy Castro traça, como nenhum outro cronista ou apenas observador da cena política, o perfil social, humano e profissional do governador de São Paulo. Para o autor de memoráveis biografias de Mané Garrincha, Nelson Rodrigues e Carmen Miranda, tem sido pouco lisonjeira e dignificante a presença do aspirante à Presidência da República. Segundo o membro da Academia Brasileira de Letras, Tarcísio de Freitas não é menos que uma fraude. Nem pode ser chamado de fluminense, eis que nunca foi visto dentro das águas de Ipanema, Copacabana ou qualquer outra das muitas e belas praias daquele pedaço do Atlântico. Nem há quem o tenha visto entrando ou saindo de algum boteco dos que povoam as ruas que outro cronista chamava encantadas do Rio de Janeiro. Quanto à pretensão de constituir-se herdeiro do espólio do ex-presidente condenado pela justiça, o cronista o vê como Julio Cesar viu Brutus. Ou seja, os lamentos pelo destino de seu criador político não são mais que uma farsa. Na verdade, assegura Castro, a inelegibilidade do patrono alimenta seu apetite voraz pelo poder. Mesmo à custa de esquecer quanto lhe tem válido a carona em motocicleta integrante de um dos muitos passeios e peripécias irresponsáveis do chefe. Ao dizer que o estado de saúde do seu padrinho político é lastimável, o que Tarcísio diz - ainda de acordo com o festejado biógrafo - é da incapacidade de o mito de pés de barro dirigir até um carrinho de pipoca. Nem seria necessário arrolar dentre as façanhas do pretenso candidato da extrema direita o elevado índice de criminalidade do Estado por ele governado. Em resumo, o perfil conduz a uma única e pouco edificante conclusão: Tarcísio de Freitas é mais um dos muitos carreiristas que constroem sua vida sobre areia movediça, quando não sobre a lama. O que não quer dizer estar ele absolutamente afastado de parte da realidade. Basta ver quantos, agindo como age o governador de São Paulo, se abrigam em posições que lhes permitiram acumular fortunas. Mesmo sendo diferentes do romano ingrato a César, não lhes tem faltado brutalidade.

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