Impossível esquecer o episódio, mais ridículo que dignificante. Não mencionarei nomes para não sujar os olhos dos leitores e, sobretudo, porque não vem ao caso. Não ocorressem outros casos envolvendo o mesmo personagem, nada haveria a comentar. O assalto do ex-capitão excluído das forças armadas e hoje tornado inelegível, porém, é apenas uma das muitas peças constitutivas de uma vida absolutamente demeritória. Armado, ostentando ainda as estrelas sobre os ombros, ele não só foi humilhado pelos assaltantes, quanto perdeu a arma compensatória de sua covardia intrínseca. Com isso, digo que ele não é covarde apenas no enfrentamento de supostos ou reais inimigos. Que ele os tem à farta e dos quais nutre sua vida marginal. O mais recente episódio da trajetória sem méritos da pobre personagem ocorreu no domingo, 21 de abril, em Copacabana, Rio de Janeiro. Não trato da decepção dos organizadores, promotores e beneficiários – ela mesma, a asquerosa figura sendo o principal deles – do comício fora de época, pelo que revela em seus números. Trinta e dois mil ou um milhão de pessoas não alterariam a simbologia de que se reveste o episódio. Terceirizada a produção do encontro dos membros da seita, de nada serviu o uso de ventríloquos para dizer aquilo que a covardia intrínseca de seu líder fê-lo calar. Também esse não é episódio inédito na vida de quem arrisca viver próximo de ambientes avessos à Lei e na companhia de gente envolvida em extenso rol de cometimentos delituosos. Religioso até onde o permite seu amor ao poder e o autoritarismo sustentado pelos mais infames e perversos sentimentos, o principal protagonista esconde sua tibieza moral e seu pavor de pagar pelos ilícitos frequentes em que incorre. Coragem ele só mostra sob a forma do que conhecemos por cara-de-pau: arrebanhar discípulo, incensadores e sequazes dispostos a atacar a mais alta corte de justiça do País, os membros deste chamados a julgar as denúncias que pesam contra a patética figura, para defesa de si próprio. O objetivo, ninguém desconhece: antecipando-se à condenação por ele mesmo prevista, defende a anistia dos que tentaram o golpe de estado que se frustrou em 08 de janeiro de 2023. A escassa inteligência e o paupérrimo discernimento do sempre suspeito indivíduo, antecipando-se à sentença judicial, reforça as descobertas sobre a trama golpista e se dá, o próprio denunciado, como condenado. O que, num certo sentido, revela fato raro – é lúcido ao menos uma vez, ao reconhecer ter cometido crime punível pela legislação em vigor.
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