Aposta no pior
- Professor Seráfico
- 4 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jul.
As lideranças políticas parecem não se dar conta das responsabilidades que lhes cabem, no legítimo exercício do mandato político de que estão investidas. Sequer passam à sociedade a impressão de que têm consciência de sua importância, no que diz respeito à satisfação das necessidades da população. Como as necessidades de uns não correspondem, exatamente, às necessidades de outros, o empenho em beneficiar os segmentos sociais que mais lhes interessam estabelece e torna ostensivos seus próprios interesses. Na sociedade de classes, sobretudo nas mais desiguais, ignorar a divisão entre os ricos e os pobres pode levar à construção de sofismas, quando não à mentira mais deslavada. Por isso, é frequente a ameaça ou iminente instalação de crise institucional, em especial a quem coloca Executivo e Legislativo em ambiente conflituoso. Ora, no caso brasileiro, tal conflito tem gravidade tão grande quão profundo o fosso que separa ricos e pobres. É indispensável, portanto, reconhecer presente todo instante no cenário social a luta de classes. Pertencem a extratos diferenciados os que precisam ver satisfeitas necessidades materiais como a fome, a sede, a educação, a habitação, o transporte e a saúde e tantos outros; e os que, interessados em acumular, cada dia mais, riqueza material, ocupam o topo da pirâmide socio-econômica. Dos primeiros pode-se dizer terem e constituírem em conjunto um só bem - a força do trabalho. Os outros são os detentores do capital. Mesmo que os representantes políticos ou governantes não o desejem, são eles os responsáveis pelo equacionamento dessa difícil e complexa situação. Nem é preciso ser de esquerda, socialista ou comunista quem enxerga com clareza essa realidade. Ela desafia o olhar do menos informado dos indivíduos, ainda que denuncia-la sempre receba como resposta a rejeição ou a resistência em alterá-la. Qualquer tentativa dos que têm alguma afinidade com os detentores do trabalho, tem nos afinados com os detentores do capital a mais forte barreira. Quase sempre, esse é o lado a que faltam boas razões. Por isso, sofismas e pretextos são usados e, revelados insuficientes, dão margem à produção crescente de mentiras. É sempre melhor assim, apostar no pior - para a maioria. Porque os outros, muitíssimo menos numerosos, contam com serviçais dispostos a satisfazer-lhes o egoísmo voraz e a fome jamais saciada.
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