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Tiro de largada

Foto do escritor: Professor SeráficoProfessor Seráfico

Atualizado: 10 de jul. de 2023

Mais cedo do que a maioria dos observadores, analistas e comentaristas imaginava, foi dado o tiro de largada. O objetivo, desta vez, se não permite supor que a arca ao fim do arco-íris está esquecida, dirige-se prioritariamente ao espólio do ex-capitão excluído das forças armadas. Muitos se têm insinuado a ocupar o posto mais alto do extremismo direitista. Outros veem seus nomes incluídos na extensa lista que se vem formando, menos pelas condições pessoais ou políticas ostentadas, mas por outros sentimentos. Simpatia pessoal, vínculos de amizade ou familiar, interesses nem sempre ostensivos - seja qual for o fundamento, a lista já engorda e pode-se esperar mais gordura. O governador de São Paulo esforça-se por ocupar a pole position em busca do espólio cobiçado. Além de mostrar-se mais ameno em suas relações com Lula e Haddad - com os governantes, portanto -, a reação de seu antigo líder há de ter sido entendida como um ponto favorável. Com a vantagem de que, agora, não precisará mostrar-se servil aos desígnios que só parcialmente são os seus. Um adversário sem caneta e gabinete é muito mais fraco. De seus concorrentes potenciais - Raul Zema, Ronaldo Caiado, Eduardo Leite etc. -, pode-se dizer ainda permanecerem amoitados. Ninguém duvida de que o protagonismo de Tarcísio de Freitas terá sido muito maior, pelo menos neste primeiro combate. Os ensaios dos governadores de Goiás e de Minas Gerais não surtiram efeito que possa prejudicar a caminhada do ex-Ministro da Infraestrutura. Tido como exclusiva e eficientemente técnico, Tarcísio revela ter mais jogo de cintura que seus mais ameaçadores concorrentes. E ele sabe do quanto pode recolher em ganho político, se aos poucos for se aproximando da centro-direita. Daquele ponto em que será sempre preferível posicionar-se a favor da democracia. Afinal, ela é que o levou ao Palácio dos Bandeirantes. Também suas chances aumentarão, depois que apostou suas fichas na reforma tributária. Com ela, parecem tornar-se viáveis muitas das alterações que Lula e Haddad têm prometido introduzir no cotidiano dos brasileiros. Sem a simplificação da cobrança dos impostos e sem o alivio dos donos do capital, as previsões já anunciam dias melhores. É o que indicam todas as análises de organismos nacionais e internacionais. Imaginemos agora, que a reforma vai de vento em popa e permite vislumbrar ambiente favorável à redução das desigualdades, que nem a voracidade do centrão parece capaz de impedir! Tarcísio, o técnico, acabou por render-se aos encantos da política, até o ponto em que admite a democracia como exigente mais de conversa que de bala. Sua anterior e suposta preferência fica apenas no tiro de largada. Depois, ele tem tudo para largar outros compromissos, eventuais como as nuvens da política.

 
 
 

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