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Reflexões políticas - 2

Alimenta minhas reflexões a possibilidade de que o ser humano é responsável pela sociedade que ele mesmo construiu, ao longo do tempo. Antes de agrupar-se e buscar o mínimo consenso para favorecer a convivência com seus até então iguais, talvez não se tivesse apercebido do quanto seu arbítrio individual, aquilo a que damos o nome de livre arbítrio, deveria encontrar limites. O extermínio do outro, dos diferentes em diversos aspectos (território ocupado, origem racial etc.) importava mais que tudo. Algo como o predomínio dos instintos sobre a vontade. Seria preciso sobreviver e, sobrevivendo, multiplicar-se. A Terra ainda não tinha, para ele, o tamanho que tem agora. A relação com a natureza se impunha, menos como espírito ambientalista como o que se verifica hoje, mas como fator favorável ao pleno desenvolvimento dos instintos, ainda não da vontade. Não seria uma determinação se não do processo evolutivo a conquista de crescente patamar de entendimento da realidade. O que estava dentro do indivíduo, dentro dele estava, percebido conscientemente ou não; o que lhe era exterior forçava a percepção e a interpretação de cada um. Sem isso, mesmo os instintos naturais poderiam sofrer severas restrições. Aqui, a noção de adaptabilidade assume importância crucial. Como antecipação à célebre afirmação de Ortega Y Gassett, com simplicidade dita aqui: o homem é ele e suas circunstâncias. Estas, sabe-o toda gente, é tudo quanto cerca o ser humano e todas as coisas por ele inventadas ou não. O que deixa evidente submeter-se a espécie dita humana a permanentes constrangimentos, uns habitantes de seu próprio interior; outros postos pela natureza e pelos seus semelhantes no cenário por ela, espécie humana, ocupado. Espaço que ele mesmo criou, não como uma realidade física, pois que objeto de sua própria invenção e construção em colaboração com seus semelhantes.



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