Ontem e hoje
- Professor Seráfico

 - 1 de set.
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Repentinamente, vêm-me à memória fatos e cenas de minha infância. Os ladrões (de galinha dizia-se), preferiam os quintais, temerosos do flagrante a que o arrombamento de portas e janelas os exporia. Escondidos atrás de alguma árvore de caule denso, ou agachados sob a proteção de algum tufo de mato, burlavam a vigilância. À luz do sol, seria difícil fugir à perseguição de um guarda civil. Metido em seu uniforme cáqui, a cabeça coberta por um chapéu hoje usado apenas em cerimônias militares, o vigilante público logo descobriria o larápio (quem ainda se lembra desse termo?). Se era noite, os vigilantes eram chamados guardas noturnos. Para melhor protegerem os que tomavam seus serviços, comunicavam-se com os colegas, por sopros em bem afinados apitos. Alguns dos protegidos dormiam menos, acordados na alta madrugada pelo apito protetor. Melhor isso, que ser furtado ou roubado. É daquele tempo que lembrei, ao iniciar esta crônica. No meio da manhã, as folhas de um grupo de bananeiras quase no fundo de nosso quintal agitavam-se anormalmente. Não foi difícil enxergar uma pessoa, escondida entre o folharal. O medo exigia pedir socorro. Quem o deu foi o irmão mais novo de minha mãe. Ele se dirigia à casa da namorada, poucas centenas de metros adiante da nossa. Aluno do CPOR/Belém-PA, não havia quem melhor pudesse prestar aquele tipo de socorro. O invasor foi levado a um estabelecimento policial. Nada o infeliz ladrão levou. Nem mesmo um objeto pessoal de baixo valor. Como o par de sapatos novos ainda não estreado, que perdi anos mais tarde. Um colega do homem preso pelo meu tio e depois compadre, levou-o consigo. Hoje, jóias atraem mais que um pisante virgem. Armas dispensam o esconderijo nos quintais. Nem sei por que me lembrei desses fatos...

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