As eleições municipais se aproximam, sem que se possa constatar qualquer avanço em relação ao processo eleitoral. Avanço, neste caso, seria a manutenção de clima mais propício à discussão dos problemas enfrentados pela população das cidades brasileiras, usada sempre como moeda de troca, sob a expressão é no Município que mora o cidadão. Visto como ser sem vontade e liberdade, o eleitor brasileiro assemelha-se, na visão da grande maioria dos que lhe pedem votos, como um eleitor - nada mais que isso. Tanto quanto, em quase todos os setores econômicos e governamentais, o cidadão é percebido apenas como consumidor, é assim a forma de reproduzir a mesma visão de mundo que retrata a percepção da maioria dos candidatos. A distância mantida entre as promessas e as realizações dos eleitos, ao longo de nossa história, revela-se a cada nova eleição. Quase sempre, em grau muito maior que a experiência da eleição imediatamente anterior. Este ano, não tem sido diferente. A violência está de tal forma arraigada ao cotidiano das cidades, grandes e pequenas, que na mais rica da América Latina a falta de argumentos e boa educação impõe aos telespectadores cenas que no pior lupanar do País já seriam um despropósito. (Que me perdoem os lupanares e seus frequentadores, se a comparação lhes parece demeritória. Eles podem ter razão). Não se trata, aqui, da educação no sentido da etiqueta, nem da que provém da escolaridade do postulante. Refiro-me à compreensão e uso dos limites éticos e políticos que devem caracterizar a conduta dos potenciais representantes do povo. Aos avanços tecnológicos conquistados pela sociedade, cujo voto é impossível de ser fraudado, não corresponde qualquer melhoria na forma como se conduzem os competidores. Muitos deles, sabe-se, hostis à própria democracia, da qual se querem fazer beneficiários, na tentativa já provada de que desejam na verdade varrê-la da sociedade brasileira. Raposas conhecidas e reconhecidas pensam que todos os eleitores esqueceram de suas súplicas não apenas aos céus, para ver reinstalada no Brasil a ditadura. Acabam por transformar-se, eles mesmos, em resíduos daquele fatídico e oprobrioso período de nossa história. Vestem-se com pele de cordeiro e pretendem pastorear o eleitorado como se estivessem tratando com cordeiros. Talvez seu apego a preceitos religiosos de que se fazem supostos intérpretes, vejam a urna como o tabernáculo em que sacrificarão os cordeiros porque são misericordiosos. A maioria do povo, porém, sabe o que significa a urna, nas democracias. E não abrirá mão do direito de exercer sua vontade, desmentindo o engodo, repudiando a influência dos disseminadores de mentiras e negando o voto àqueles que sequer sabem diferenciar uma república de um regime de força.
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