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Passos firmes...sem tornozeleira

Nossos mais velhos costumavam dizer que de onde menos se espera, daí há de vir alguma coisa surpreendente. Ou decepcionante, dependendo da expectativa do observador. Neste caso, a surpresa ou a decepção está diretamente relacionada ao conhecimento do ambiente social em que se insere o protagonista, além de sua trajetória nesse meio. Daí ser fácil identificar e encontrar as causas de um ou de outro desses dois sentimentos, paradoxais e excludentes. Admitir-se a surpresa em relação aos últimos acontecimentos provocados pelo Presidente dos Estados Unidos da América do Norte e seu caninamente fiel servidor brasileiro e seus mais próximos implica em aceitar a ignorância da trajetória de ambos. De Trump, sabe-se ainda por esclarecer as condições que o levaram à fortuna de que é detentor. Isso bastaria para mantê-lo sob reserva e pelo menos suspeitar de suas proclamações, sempre exacerbadas pelo ódio e pelo amor exclusivo ao dinheiro. Mesmo a vocação autoritária dele não poderia passar despercebida, em especial depois do quebra-quebra que seus adeptos executaram, sob sua explícita inspiração e estímulo, no Capitólio. Quanto ao seu cão-sem-estimação, que se poderia dizer, desde que sabida a tentativa de levar aos ares a usina que garante o abastecimento de água à cidade do Rio de Janeiro? Pois esse terá sido o primeiro dos muitos atos delituosos que o portador da mais recente tornozeleira eletrônica tem praticado, durante toda sua vida. A exclusão (na verdade, uma estranha forma de "puni-lo") do Exército acrescenta um ponto na triste e vergonhosa história por ele escrita. Assim, os atentados contra a democracia e o Estado Democrático de Direito, cuja frustração ocorreu em 08 de janeiro de 2023, constituem apenas acréscimos pontuais na vida delinquente que ele traçou como destino - para si e para outros membros de sua família. Tanto, que, posto todo o processo delituoso à luz das investigações e - pior para ele e seus sequazes - submetido ao devido processo legal, chega-se à conclusão de que manifestar surpresa ou decepção a respeito da índole do que a Procuradoria Geral da República e o STF chamam de organização criminosa não cabe sequer admitir. Mesmo enquanto as providências legítimas e obrigatórias dos órgãos policiais e judiciais se desenvolviam, os principais envolvidos nos crimes em apuração mantinham intocada a ação criminosa a que emprestaram (e dão?) seu tempo, sua dedicação em tempo integral e seu estímulo. Inclusive, no caso do cão fiel ao pretenso dono do império, a confissão de vir financiando o agente responsável por provocar sanções contra o Brasil e seu povo - mesmo essa ação constitui um ponto na infame e desonrosa trajetória percorrida pelo quase-presidiário. Nada além disso. Por enquanto, basta-lhe carregar nos pés a tornozeleira eletrônica. Se o oprobrioso desejo do previsível presidiário, de sua família e seus acólitos não for totalmente satisfeito (Trump jogará uma bomba atômica sobre o Brasil?), restará esperar que, nas celas que lhes servirão de abrigo, todos encontrem tempo para refletir e fazerem-se seres humanos. Esta é uma exigência: para que se mostrem humanos, por prova provada.

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