Paralelas X conluio
- Professor Seráfico
- 29 de jan. de 2024
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O poder, tão humano quanto demoníaco, tem várias fontes de inspiração e de prática. Diferenciadas entre si, nem sempre essas variáveis se expõem tão claramente. Daí, por exemplo, a discussão relativa ao nome que se dê à ação dos que tentaram fazer das agências públicas de segurança instrumento de proteção de seus familiares, amigos e correligionários. Há os que falam de certo paralelismo de poder, sendo que outros falam de conluio. Ainda está fora de cogitação o conhecido fenômeno da eminência parda. Embora todos saibamos que dificilmente ela é identificada no primeiro momento. As sombras que a protegem, porém, também podem estar presentes nas outras duas formas apontadas. Falemos, primeiro do suposto paralelismo. Paralelas, sabe-o qualquer aluno de grupo escolar, nunca se encontram. Cada qual das linhas tem rumo próprio, admitindo a Matemática que seu encontro só ocorre no infinito. Aí e então, Inês estará morta. No conluio, o encontro, em geral à sombra e nos porões, é essencial. O objetivo é comum às partes envolvidas e há articulações e coordenação permanentes. Conluio é, portanto, sinônimo de organização criminosa. É nessa direção que apontam os resultados da investigação de um dos protagonistas do conluio em vias de desmascarar-se. Bastou trocar a direção da Polícia Federal, veio à tona um dos mais escabrosos casos do crime organizado exatamente pelos que teriam o dever não só de impedi-los, evitá-los e cuidar para que tudo fosse apurado e os responsáveis punidos. Já quanto à ABIN, constata-se nem sempre a habilidade política bastar para neutralizar a delinquência. Rastros de rastejantes são mais difíceis de apagar. Grudentos, tentam prender os pés dos que desejam caminhar por outras trilhas. Há, portanto, um conjunto de crimes na contramão do que recomenda, impõe e exige um legítimo Estado Democrático de Direito. Que Levandowski, o Ministério da Justiça, a PGR, Andrei, a Polícia Federal e o Poder Judiciário tenham força e determinação capazes de desmontar a delinquência levada à oficialização. Teremos, então, menos saudades de Flávio Dino.
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