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Parada Justa

O mundo pareceu ter parado, na manhã desta segunda-feira. A morte do Papa Francisco, mais que qualquer outro assunto, preencheu todos os espaços dos media, não importam a ideologia nem os interesses por eles defendidos. Afinal, mesmo a manifestação (rara, é bom dizer-se) dos abrutalhados, fria como costuma ser tudo o que vem dos corações corrompidos e satisfeitos com o sangue que corre dos demais corações despedaçados, não desviou a atenção dos que sabem o significado da palavra humanidade. O cardeal Jorge Mário Bergoglio sucumbiu antes à fragilidade de seu organismo que à brutalidade dos que o hostilizaram, rejeitaram, caluniaram, enquanto durou seu brevíssimo período como líder da Igreja. O ocupante do trono de Pedro parte, mas somente o legado de João XXIII, o Pontífice- camponês, poderá um dia ser comparado com o dele, chamado Francisco. Quase nove décadas depois de nascido, o cardeal argentino tratava dos problemas da atualidade, gerados pelo egoísmo de uns poucos e lesivos à grande maioria, com determinação e entusiasmo, frequentemente negados por quem dispõe de vigor e juventude. Muitos, pretextando filiação aos mesmos valores e conceitos a que se apegou o primeiro sacerdote latino-americano a exercer o papado. Não foi de pretexto, mas de profunda convicção e fé, que Jorge Mario Bergoglio alimentou sua passagem pelo Vaticano. Grandes avanços experimentou a Igreja de Cristo, nos doze anos em que Francisco pontificou em Roma. Desde a escolha do nome com o qual exerceria seu mandato, até o último dos dias em que liderou a comunidade católica, o líder nascido em Buenos Aires deu substância ao nome e aos valores proclamados pelo seu patrono. Humilde como o foi o santo de Assis, revelou sua preferência pelos pobres, uma forma de responder à exploração que produz milhões de pobres, enquanto abastece ínfima minoria dos habitantes do Planeta. Espírito aberto e sensível aos dramas humanos, respondeu à violência contra os diferentes (membros da comunidade LGBTQIA+, negros, povos originários, imigrantes, refugiados etc), com a compreensão e a tolerância, formas generosas e nobres de revelar amor ao próximo. Por tudo isso, foi-lhe dada a oportunidade de deixar o mundo dos vivos no mesmo dia em que sua Igreja comemorava a Ressurreição. Um agnóstico pode falar disso mais à vontade, por ausente qualquer interesse em obter favores, benesses e graças motivadoras de orações e proclamações, frequentemente paradoxais em relação à conduta e trajetória da multidão dos que se dizem fiéis. Difícil será promover na Igreja um recuo, diante das decisões que a boa vontade e o amor ao próximo ostentados por Francisco determinaram.


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