Os comiseráveis
- Professor Seráfico
- há 1 dia
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Era criança e já ouvia falar dos miseráveis. Aquelas pessoas desprovidas do mínimo bem que lhes satisfizesse as mais básicas de suas necessidades materiais. Os famintos, dizia-se deles. Carentes, chama-se-os hoje. Exemplificam-nos, os moradores de rua, nos tempos bicudos atuais. Mais tarde, pude identificá-los na relação de obras informadas pelo professor de Literatura. O livro de Victor Hugo trazia-o no título: Os miseráveis. Para fugir à vida miserável, não são poucos os que se despem de qualquer recato e, como os animais ditos inferiores, abrem mão de sua própria dignidade. No extremo, gente (?) dessa estirpe se afasta totalmente desse sentimento distintivo, para gerar e gerir a comiseração de outros. Uma espécie mais miserável ainda que os destituídos do mínimo pedaço de pão. Com frequência, diferenciados pela quantidade de bens acumulada, comparativamente aos alcançáveis pela maioria de seus contemporâneos. É na busca da comiseração que consomem seu tempo, enquanto o que pode restar do mínimo de dignidade eles próprios destinam e conduzem ao esgoto. Empenham-se, portanto, em despertar o dó nos outros, sentimento que também se chama pena e, no meu entendimento, o pior dos sentimentos que um ser humano deve dispensar a seus semelhantes. Uma forma, talvez, de manifestar a superioridade que julgam ter sobre todos os demais. Da parte do que busca a comiseração, não o respeito, parece haver certo sentimento (complexo, diriam os psicólogos?) de inferioridade, quando se comparam eles mesmos com seus (supostos) iguais. Com frequência, espécimes dessa sub-fauna contrastam a arrogância de que são portadores, quando seguros de sua posição de mando, e a submissão, o medo e a servilidade, se lhes faltam os instrumentos úteis à sua prepotência e brutalidade. O/a que ontem perseguia um ser humano na tentativa de atingi-lo com bala saída do revólver contido em suas mãos, é o/a mesmo/a que choraminga em público, pedindo a piedade dos outros. Também o que gargalha ante à iminente morte do infectado em asfixia, vira nada mais que verme, se enfrenta a força da Lei e o nojo merecido que lhe dedica maioria da sociedade. Nada mais miserável!...
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