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O todo e as partes

Consulto o pai eterno de todos, o dicionário. Lá aprendo que são dados nomes às coisas para que elas mantenham sua individualidade, sejam conhecidas por suas peculiaridades. Pelos traços e características que os fazem distintos de outras coisas. Logo percebo quanto a abrangência de um termo não é igual à do outro. Se a todos os objetos inanimados podemos chamar de coisas, não pode impunemente receber o mesmo tratamento um ser vivo. Dentre as variedades deste, temos os seres humanos, os outros animais e os vegetais. São animados todos, porque dentro deles há vida, ânima, alma. Por isso, quando falo homem, sei não estar me referindo ao grupo a que pertence ou classificamos os seres humanos. Ou aos vários grupos a que ele se vincula, ao l

ongo da vida. A família, a vizinhança, a escola, a igreja, a organização em que trabalha. Também o espaço geográfico por ele ocupado - o bairro, a zona, a cidade, o Estado, a região e o país. O conceito atribuído a cada um desses espaços reconhece as peculiaridades por ele ostentadas. Dizemos do Brasil que, localizado na porção sul do continente americano, ele ocupa espaço maior que 8 milhões e meio de quilômetros quadrados; esse espaço maior contém 5 regiões, cada uma delas com atributos físicos e culturais distintos, em relação às demais. Quando digo ou escrevo Brasil, é àquele pedaço da América do Sul, não a qualquer outro, que me refiro. Se falo da Amazônia, eu e meu interlocutor não temos dúvida a respeito da abrangência de minha abordagem. Escrevi tanto, até aqui, apenas para dizer da minha ojeriza e da minha contida irritação, só de ouvir ou ler a expressão como um todo. A não ser que eu tome todo interlocutor como um ignorante absoluto dos objetos, espaços, relações e circunstâncias de que tratamos. Por favor, poupem-me dessa forma de tortura! Também peço me poupem do uso indevido e confuso de certa expressões inadequadas, além do onde abusivo, que serve para substituir o quando, o em que/no qual, para ficar nestes dois infelizes exemplos. Já nem menciono o saraivada, que deu para qualificar ações que nada têm a ver com a palavra. O verbo assolar tem tido semelhante serventia. Ou o nome das coisas não tem a menor importâ ncia?.

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