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O brinquedo de um ditador

Diz-se de alguns dos césares, das extravagâncias praticadas. Mais avançavam seus períodos no poder, maior era a fúria que punham no exercício do mandato. Das mais conhecidas façanhas dos todo-poderosos daquele tempo, o incêndio de Roma (Nero) e a designação do cavalo Incitatus para o Senado (Calígula) talvez sejam os mais lembrados. Quem se interesse saber mais, há de consultar o livro A crônica escandalosa dos doze césares (BAGNEUX DE VILLENEUVE. Editora: Edições Júpiter - SP). O césar destes tempos atômicos responde pelo nome Donald Trump. Sendo que o incêndio por ele prometido ganha ambiência planetária, não se restringindo a Washington. Nem é preciso mandar sua montaria para o Senado, eis que os quadrúpedes que o servem, como os cangurus, deslocam-se sobre duas patas. Com a circunstância de que, nesse caso, cavaleiro e montaria se assemelham. Marcam presença, portanto, também na Casa Branca. Injustamente considerada, até pouco tempo, como a mais imitável democracia, os Estados Unidos da América do Norte apenas preparavam o momento de revelar o lado obscuro de sua face. Postas em jogo as condições essenciais a um sistema social injusto e desumano, a resposta do governante do único estado moderno a detonar a bomba atômica só terá surpreendido os desinformados. Ou outros - pois os há - são feitos do mesmo barro que o ditador ruivo da maior potência bélica do Planeta. É certo que o Brasil já sofre diante das ameaças do Papa Doc branco. Também é certo que a defesa da democracia é apresentada como pretexto para as chantagens um dia também usadas por Al Capone e repetidas pelos corruptores, em escala planetária. Mas ninguém de boa fé e razoavelmente informado pode dar crédito ao empresário Trump. Nem a conduta dele assemelha-se ou se inspira nos bons exemplos que a História, ainda que com raridade, oferece. Não é em defesa da democracia, nem a favor da pátria que ele promete devolver à grandeza, muito menos, o apoio a alguma famiglia ou família, que Trump age. Seu grande inimigo, na dura (para ele) realidade dos fatos, é o BRICS. O Brasil, como se sabe, vem liderando o esforço por tornar o Mundo melhor, promessa que pode ser cumprida. Basta que a sociedade humana saiba avaliar o tamanho da população, o volume da produção e a iminência da criação de moeda concorrente com o dólar, contidos no BRICS. Este é, portanto, o grande e mais ameaçador inimigo de Trump. Se ele está disposto a fazer o que foi feito por um de seus antecessores em Nagasaki e Hiroshima, é problema só dele. Intimidar-se com sua agressividade será a pior alternativa. Perderão todas as nações, junto com os anéis, seus próprios dedos. Evitar um segundo Enola Gay* deixou de ser uma das reações à fúria do ditador. Agora, é um dever de todo cidadão que louva a Vida e respeita o semelhante. Melhor é lembrar de Charles Chaplin e seu O grande ditador.

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*Esse o nome do avião de onde caíram as bombas sobre as duas cidades japonesas, em 1945.

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