No peito e nos pés
- Professor Seráfico
- há 38 minutos
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Quase não há, dentre os mais de 215 milhões de brasileiros, os que ignoram uma das frases mais representativas ditas por um magistrado. Disse-a um então candidato a uma cadeira do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux. Quando ainda não se havia esgotado a fase de demonstração de subserviência e salamaleques dirigidos às autoridades de alguma forma envolvidas no viciado processo de indicação, audiência e nomeação, Fux afirmou, em tom quase solene, que mataria no peito. Referia-se o então candidato à toga da mais alta corte de Justiça da República à maneira como ele apreciaria os processos judiciais que lhe chegasse às mãos. Usou uma expressão que, no esporte que Charles Miller trouxe para cá, significa contemporizar, amortecer, ajustar a bola para depois dar o passe ao companheiro de equipe. Agora, os condenados pelos atos terroristas frustrados em 08 delica umdtonme janeiro de 2023 veem-se mais uma vez beneficiados pelo julgamento proferido por Fux, que já matara no peito a robusta peça produzida pela Procuradoria Geral da República. Seu voto foi o único a discordar do consenso de seus colegas, na primeira turma do STF. Com ele, o ministro amorteceu o impacto da bola, além de ter aberto a probabilidade de seu time chegar não à meta do adversário, mas fazer um gol contra. No caso, contra as provas coletadas e analisadas pela Polícia Federal e a PGR, e a democracia. Passado mais de um mês do julgamento e condenacao, o ministro Fux mostra mais uma vez suas habilidades futebolísticas. Pediu para corrigir o volumoso texto com que divergiu de todos os outros membros da turma, atrasando com isso a publicação do acórdão que levará à prisão os condenados. Um drible à altura dos que Garrincha aplicava nos adversários. Azar do ministro é que n todos os brasileiros são João.
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