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Mujica e Lula

O Lula do terceiro mandato cada dia se afasta mais do comandante que, em 2002, levou à vitória da esperança contra o medo. A persistência com que disputou a Presidência acabou por fazer dele o primeiro operário a dirigir a maior nação da América do Sul. Para chegar a esse ponto, porém, Lula se viu forçado a abrir mão de promessas, conceitos e práticas que fizeram do Partido dos Trabalhadores um caso inédito neste pedaço da América. Talvez lhe tenha faltado a leitura ou alguém que a referisse, do filósofo romano Lucius Annaeus Seneca, num dos pensamentos mais sugestivos: melhor que ganhar a má luta, é perder a boa luta. O resultado é o que se tem visto. As conquistas marcantes de seus dois primeiros mandatos não resistiram às investidas das elites predatórias e ao ideal de desigualdade que elas cultivam, e não é de hoje. O mais desqualificado dos brasileiros que um dia entrou no Palácio do Planalto pôs abaixo uma a uma dessas conquistas, sem a menor dificuldade. Hoje, testemunhamos, contristados, o desdobramento da primeira rendição, após o Partido dos Trabalhadores nada ter que o faça diferente das siglas tantas vezes criticadas por seus fundadores e aderentes a posteriori. Isso enfraqueceu Lula, quando se pensava chegada a hora de colher a justa safra de uma colheita que sua trajetória, do chão de fábrica ao Planalto, bem poderia justificar. José Mujica, o ex-Presidente do Uruguai, enxergou mais longe.

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