top of page

Mais de processo criativo

Talvez tenha ficado alguma dúvida com os que leram o texto anterior (23-05-2022) neste espaço. Dos poucos leitores, alguns poderão ter se perguntado se apenas o sono ou o sonho me levam a escrever algo, prosa ou poesia. Não custa, portanto, acrescentar outras oportunidades que (digamos assim) detonam a elaboração de algum texto. Pode ser na contemplação de uma paisagem natural ou na visão de uma cena de rua. Um mendigo na faixa de um sinal de trânsito, o morador de rua tão perseguido, um casal de jovens trocando carícias na praça, o veículo abalroado pelo outro, ambos os condutores entretidos na conversa ao telefone. Ou saídos de uma reunião em que o consumo de álcool deu o tom. Tudo, tanto quanto o aparente nada, pode despertar a vontade e o ímpeto de escrever. A mim não têm faltado essas oportunidades, assim como não me faltam o lápis e o papel providenciais. Basta deter o veículo no primeiro sinal, para apanhá-los e deixar registrado o mote, ou o motivo para escrever. Também a conversa solta, com crianças e jovens, sobretudo, levam-me à escrita. Não que os mais velhos (porque exaustos, não idosos) não tenham o seu lugar garantido. Eles o têm, em especial quando não veem como verdade insofismável, peremptória, pronta e acabada para o consumo, o que dizem e o em que dizem crer. Se tenho lápis e papel enquanto converso, as dicas são logo anotadas. Se não, mal chegado em casa, ou faço a anotação devida ou me ponho diante do computador. Daí têm saído alguns dos meus textos, depois de abandonarem a cabeça onde foram gerados. Pode-se até assemelhá-la à máquina que tenta aproveitar toda a matéria-prima que ela processa. Sendo o ingrediente mais importante a Vida. Dizer dela é o que compete a quem gosta de escrever. E de ser lido, por óbvio!

8 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

O processo e a frustração de mais um golpe*

Por mais absurdo que possa parecer, o golpe tentado e frustrado em 08 de janeiro de 2023 nasceu há pelo menos três décadas. Quase quarenta anos, na verdade. Essa é hipótese que não pode ser descartada

Primeira carta a um jovem poeta

Pedro, caro e jovem amigo, Veio a calhar o nosso encontro do último sábado. Se nada de extraordinário houve na acolhida que lhe proporcionei e no café que Pessoa nos fez sorver, o pouco tempo de conví

O todo e as partes

Consulto o pai eterno de todos, o dicionário. Lá aprendo que são dados nomes às coisas para que elas mantenham sua individualidade, sejam conhecidas por suas peculiaridades. Pelos traços e característ

bottom of page