Na contramão da História, o governador fluminense de São Paulo decidiu fazer das escolas quartéis para jovens. Muitas, crianças, ainda. Seu colega e irmão ideológico do Paraná, um rato sobretudo ainda que minúsculo - sobretudo, de novo - parece ter saído na frente. Quando a sociedade reclama o respeito aos direitos humanos e a oportunidade de favorecer o desenvolvimento de todas as potencialidades das crianças e jovens, esses dois expoentes da extrema direita nacional rumam no sentido contrário. E fazem lembrar a campanha civilista conduzida por Ruy Barbosa, diante do militarismo ameaçador das primeiras décadas do século passado. Duas grandes guerras depois, e evidenciadas as dificuldades de o ambiente da caserna ser levado com êxito à sociedade em geral, a ideia anacrônica e hostil ao processo civilizatório parece retomar a força de que era dotada, no início do século XX. Não é desimportante o papel, nem sempre dispensáveis os serviços que os militares profissionais podem prestar em favor da população e do País. Como não o é a contribuição de professores, médicos, garis e vigilantes civis, em suas específicas capacidades. O combo civilismo-militarização, no entanto, nada anuncia de promissor, porque, rigorosamente, constitui uma contradição fundamental. Se na caserna a disciplina e a hierarquia asseguram condições mínimas de bom exercício profissional, o mesmo não ocorre em instituições educacionais. Nestas, quanto maior a liberdade, a hierarquia cedendo lugar à cooperação desatada de restrições, maior a probabilidade de sadio e efetivo aprendizado. Tanto quanto o êxito da profissão militar pode ser atribuído a genuíno esforço de adestramento, não é disso que se deve tratar, nas escolas civis. Nestas, o grau de liberdade há de sempre gerar resultados mais produtivos e úteis à sociedade. Se cada macaco, tenha o tamanho que tiver, contentar-se com o próprio galho, educação e segurança conquistarão melhores resultados. E desempenharão com dignidade e rigor democrático suas funções específicas. Sem desdouro para a educação e para as organizações militares, mantidas dentro dos espaços que a Constituição lhes reserva.
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