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O Chile, a América e o Mundo

Parece-me insuficiente olhar o cenário político-eleitoral do Chile, para firmar a convicção de que o continente americano se inclina para a direita. A previsão determinística de que os votos colhidos pelos três concorrentes direitistas derrotados desembocará em José Antonio Kast supõe o fenômeno eleitoral apenas como uma operação matemática. Todos sabemos que não é tão simples assim. Quais razões teriam levado a maioria a votar em Jeanette Jara, não em seu principal opositor, no primeiro turno? Quem pode ter certeza de que a rejeição de um e outro dos postulantes do segundo turno é justificada apenas pela diferença ideológica de cada qual, não de outros fatores? O que se sabe é da posição diametralmente oposta entre Jara e Kast. Esta, ao que tudo indica, uma comunista distante do stalinismo que os adversários gostariam que ela ostentasse. O outro, um autoproclamado conservador, esse nome que passou a substituir a expressão reacionário. Ou, como preferem os aficionados dos eufemismos, quando não, da redundância – um membro da extrema direita. Usar a Argentina de Milei, a Colômbia de Petri e a Venezuela de Maduro como pano de fundo do cenário, importa ignorar outros países, de que o próprio Brasil pode ser o melhor exemplo. As ameaças que o Presidente Donald Trump tem feito aos países do continente dependem, em grande medida, da conduta dos delegados da Casa Branca, instalados nessas nações, boa parte deles capazes de trair a nação onde nasceram. Mais que a conduta desses títeres, a reação a ela, por parte da maioria, pode ser o fator determinante. Nas eleições do Chile e nos demais países ibero-americanos. Enquanto Donald Trump vai demonstrando sua crescente irrelevância dentre os líderes mundiais, Lula vem surgindo – mesmo sujeito aos constrangimentos que os delegados de Trump impõem ao Brasil, somados a algumas pisadas na bola – como uma liderança internacional. Certamente, os eleitores chilenos, no segundo turno, e os de outros países do continente em suas próximas eleições, terão a oportunidade de avaliar quanto ganhariam seus povos, sempre que a autodeterminação dos povos e as respectivas soberanias se espalhassem e fortalecessem. Na democracia, as eleições podem ser o melhor caminho para criar esse clima e a resistência que dele resulta. Aperfeiçoar o processo eleitoral e reduzir as desigualdades que impedem a rotatividade do poder, assim, é algo desejável. Com urgência.

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