Dê-se o nome que se der a estes tristes e trágicos tempos, o menos que se pode dizer é serem caracterizados pelo absurdo. Talvez pela imaginação de Dürenmatt, Ibsen e Ionesco jamais tenham passado cenas e situações como as experimentadas pelos nossos contemporâneos. Nem aos formuladores da mais antiga democracia ou das mais modernas repúblicas ocorreria de imaginá-las. A realidade, pintada do mais absurdo surrealismo, poria perplexos Dali e Breton. Como assistir pacata e resignadamente a um Presidente da República que parece poder quase tudo, quando tem suas ideias e iniciativas cerceadas pela vontade de pequeno grupo de tecnocratas? Não é de outra coisa que se trata, quando a mais alta autoridade republicana há de curvar-se diante de um conselho que o impede de pôr em prática as ideias e propostas defendidas em campanha, como o exige o sistema eleitoral adequado à democracia. Não é outra coisa o que tem feito o COPOM, obediente à proposital parcialidade que o envolve, da qual resulta preocupação exclusiva com uma das tarefas que lhe são supostamente atribuídas. Fixar a taxa de juros, segundo o conceito e as práticas abraçadas pelos rentistas e os tecnocratas a eles rendidos, é quanto lhe basta! Buscar a garantia e a expansão de emprego nem lhes passa pela cabeça - viciada ou vendida, não se sabe ao certo. O que se sabe, porém, e disso cada dia mais gente se dá conta, é das restrições que as altíssimas taxas de juros impõem ao necessário e desejado desenvolvimento social e econômico. Como se não fôssemos marcados pela mais cruel desigualdade, o COPOM desfruta da soberania e, além disso, de força intimidatória, a opor-se a qualquer tentativa de romper o atraso mental e humano dos insensíveis. Há absurdo maior que esse?!
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