Do pouco que aprendi do que se chama Ciências Econômicas, restaram-me algumas fórmulas. Não aquelas expressas em números, mas em palavras incapazes de dar conta de tudo quanto, não obstante, tentam explicar. Mesmo assim, aos especialistas tais palavras ganham o status de dogma. É a a propósito de um deles – poupança é igual a investimento – que Martin Wolf, comentarista-chefe do Financial Times se pronuncia. E arrisca desafiar o que têm dito e continuam dizendo seus colegas, mundo afora. Para o professor da London School Economics, o tamanho da poupança da China (sempre ela!) levará o país a dificuldades econômicas, dentre elas a inflação. Qualquer que seja a competência profissional do comentarista do Financial Times ou de qualquer de seus colegas, seu conhecimento esbarra na desconsideração de fatores e fenômenos que seria, no mínimo, prudente, analisar. O pressuposto de todos eles, num certo sentido, tem muito a ver com o decreto saído da pena de Francis Fukuyama: a História acabou. Ou seja: não há alternativa para o capitalismo, responsável pelo empobrecimento das populações, a crise climática que ameaça a sobrevivência do Planeta, a violência que mata sobretudo os mais novos dos pobres e pretos, o recrudescimento de doenças tidas por erradicadas, a fome que aflige grande parte da população mundial. Tudo isso, enquanto cresce a fortuna de uns poucos e a produção, o comércio e o uso de armas letais não torna mais seguros sequer os que as defendem, produzem e usam. Análises como a de Martin Wolf não têm faltado. Afinal, a toda e qualquer pessoa deve ser garantido o direito de apreciar os fatos e sobre eles manifestar-se. Aos que tomam conhecimento dessas manifestações, igualmente abre-se a possibilidade de mostrar a procedência do comentário e a que interesses ele corresponde. Não é o grau de escolaridade, por si só, a base de um juízo aceitável. Sobretudo quando o suposto conhecimento do autor vem preso a crenças e dogmas que a realidade repudia. A guerra na Ucrânia, o massacre do povo palestino são apenas mínimas (absurdo!) facetas da realidade. Outros conflitos ocorrem em outros lugares, geral e propositalmente esquecidos, tornados naturais fenômenos decorrentes do egoísmo que leva à execrável acumulação da riqueza. Não é contra está que nos devemos jogar. A riqueza deve ser buscada. O que deve ser tenaz e vigorosamente combatido é o egoísmo, quando chega a hora da partilha. Se a renúncia ao egoísmo, à usura e ao desamor ao próximo é impossível, melhor talvez seja mesmo destruir o Planeta. Quem sabe das baratas que restarem surgirá um Mundo diferente?
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