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Delatores premiados

É extenso o rol de nomes envolvidos no duplo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Além dos já presos, Ronnie Lessa, Maxswel, Queiroz, Chiquinho e Domingos Brazão, e Rivaldo Barbosa, consta do noticiário lista numerosa dos participantes do crime, seja planejando-o, financiando, executando e tentando impedir o êxito das investigações. Felizmente, como prometido pelo ex-Ministro da Justiça Flávio Dino, conhece-se pelo menos parte da numerosa equipe de delinquentes empenhados nas diversas fases do assassínio. As especulações dão conta de que falta muito ainda para completar o eficiente trabalho da Polícia Federal. Ao crime que tirou a vida da vereadora fluminense e de um de seus assessores ninguém duvida de que estão ligados outros atos ilícitos, dos quais a manutenção de milícia e organização criminosa são os mais prováveis. É preciso, portanto, ir mais a fundo nas investigações, ainda mais se considerada a probabilidade de ainda não se ter esgotado o rol dos cúmplices por ação ou omissão, até em escalões importantes de administração do Estado do Rio de Janeiro. Ronnie Lessa pode ter muito mais a dizer, sobretudo diante da redução das ameaças contra ele, uma vez que a prisão de influentes parceiros impede em tese a probabilidade de isso acontecer. Nem é de se esperar que, em sequência à delação já firmada, o executor de Marielle e Anderson tente repetir a jogada arriscada por Mauro Cid. Este, ao invés de causar a confusão pretendida, acabou por agravar sua própria situação. E, se antes se julgava abandonado pelos camaradas de aventura golpista, parece ter-se complicado mais ainda. Abandonado pelos articuladores, financiadores e cobertores do terrorismo de 08 de janeiro de 2023, o ex-ajudante-de-ordem (e desordens) agora tende a ficar cada vez mais só. Ronnie Lessa tem pouco ou nada a perder. Reduzida, sua pena acumulada só não será maior que reclusão de 30 anos porque a Lei assim o determina. Mas é quase certo que a ele seja aplicada a lei máxima permitida, sem os benefícios do regime penitenciário, como o da progressão. Mauro Cid, pela desobediência em relação às determinações judiciais relacionadas à delação premiada, poderá passar o mesmo tempo na cadeia. No caso de ambos, desfrutarão do benefício de ter limitada a 30 anos a reclusão e a possibilidade de receberem a visita de seus familiares, depois de certo tempo de solidão. Para isso existem as leis; para isso existem penitenciárias; para isso serve a polícia, quando interessada em investigar criteriosa e rigorosamente os delitos. É assim que se faz, quando respeitado o devido processo legal.

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