Parcialmente, ao menos, há que ser dado crédito aos comentários feitos pelo ex-Ministro José Serra, a propósito do mais recente vídeo de que o Presidente Lula foi o figurante principal. Junto com o novo Presidente do Banco Central e do Ministro da Economia Fernando Haddad, o Presidente acrescentou um capítulo ao documento original de rendição. Refiro-me à Carta aos Brasileiros, na qual foram deixados de lado os compromissos originais do Partido dos Trabalhadores, ao mesmo tempo em que pavimentado o caminho a que se acostumou a elite predatória de nosso infelicitado país. Na mesma edição do Estadão (26/12), editoriais em que o sofisma dá o tom escondem as razões do desconforto daquele porta-voz das elites. O mantra da judicialização do processo político acompanha toda a exposição textual, mesmo se implica na tentativa de naturalizar e defender a fuga ao devido processo legal, como defesa do atual senador Sérgio Moro. Por isso, os pontos de vista do Estadão mostram preferência pela ação de justiceiros, como os há dentre as mais variadas formas de organização criminosa. Nem precisaria chegar a tal grau a crítica ao governo de Lula, tantas têm sido as oportunidades em que o Presidente erra. Interessa, porém aos escribas, mais que condenar decisões e ações equivocadas, atuar em defesa dos detentores da maior parte da riqueza produzida, em flagrante opção pelos interesses que têm impedido a nação de realizar os objetivos que sua grandeza territorial, o potencial contido na própria natureza e o espírito do povo permitiriam alcançar. Quando tratam do ex-Ministro José Dirceu, as penas dirigem-se a esse fino analista da política brasileira como se outros que se lhe opõem fossem inocentes sacrificados em processo de desgaste movido pelo ódio pessoal. Ou seja, um tipo de ignorância proposital, com o objetivo de impedir ou, pelo menos, desviar a atenção da opinião pública dos problemas reais. Um dos quais, sem dúvida o maior de todos – embora nada seja dito sobre isso – o da desigualdade. O que se lê é a resistência aos ainda tímidos esgares mais que atos concretos do governo, para promover o bem-comum. Houvesse da maior parte dos media brasileiros a intenção de combater a desigualdade, talvez o Congresso teria aprovado a taxação das grandes fortunas. Fosse preocupação das elites que os controlam reduzir a distância entre o pequeno grupo de bilionários e milionários, a reforma tributária cumpriria o objetivo original - o de promover a justiça fiscal. O que tornaria menor a injustiça social com a qual convivemos. O que se está a observar, decorridos exatos 60 anos, é o retrocesso àquele trágico período, compensatório da frustração de 1954. O suicídio de Getúlio adiou por 10 anos a tomada violenta do poder. Pode-se apostar em que é preciso fabricar novo cadáver, até chegar aos objetivos acalentados pelas elites? Prefiro apostar no contrário. As mudanças serem feitas pelo acesso dos cidadãos a informações pelo menos escoimadas do filtro da análise enviesada e dos interesses não-declarados.
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