Artigo anterior (Partchwork ministerial, 19 de março, 2024) mencionou os riscos de alianças absolutamente improváveis, para assegurar o que inventaram como fundamento da governabilidade. Juntam-se retalhos de um espectro partidário concomitantemente pulverizado e polarizado, na esperança de que isso assegure a criação de um clima que torne melhores as perspectivas de quem governa. O resultado é o que expressa a nomeação do quinto Presidente da Petrobrás, em apenas três anos. As discordâncias entre os Ministros da Casa Civil, Rui Costa e Alexandre Silveira, das Minas e Energia, e o Presidente da estatal, Jean-Paul Prattes levaram à escolha de uma pessoa, essa sim, formada e qualificada para colaborar com a atividade petrolífera no País e emprestar sua qualificação técnica ao cumprimento dos objetivos da empresa que um dia foi justamente chamada estatal. Desde que se tornou alvo da ganância e da cupidez do setor privado, a Petrobrás passou a enfrentar problemas com que nunca se tinha defrontado, enquanto controlada pelo poder público. A tanto chegamos, exatamente porque o que era público e correspondia a ter os olhos voltados sobretudo para a coletividade, passou ao controle dos muitos grupos dedicados a controlar os poderes, seja lá por que meio for. Capturada pelo ser privado, a República passou a ser tudo, menos res publica. Diz-se que a distribuição dos lucros extraordinários da empresa (em torno de 24 bilhões de reais, no primeiro trimestre de 2024) terá sido a causa dos conflitos entre ministros e Presidência da empresa. Se essa pode ser uma explicação satisfatória, não o é exaustiva. Basta mencionar os interesses partidários dos dois ministros envolvidos, para saber que há muito mais atrativo de análises e especulações. Interessa voltar ao vício que tem marcado o esforço por assegurar uma falsa governabilidade, como tem ocorrido sempre que o governo não consegue levar à maioria do Congresso candidatos a ele vinculados por compromissos e teses que tenham, o mínimo que seja, um fio condutor de fácil identificação. A colcha de retalhos fica à mostra, e chegar ao seu deslinde (desmanche, às vezes) não demora muito. Agora, que a engenheira química Magda Chambriard chega à Presidência, pode ser que sua condição de prata da casa alcance melhores resultados que os obtidos por Jean-Paul Prattes. Os dias para ela poderão ser melhores, se ela escapar do bote das serpentes.
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