Orlando SAMPAIO SILVA
Neste mundo ficcional (mas com graves traços constatados na realidade):
Êste é o mundo louco em que estamos vivendo, sendo seu extraordinário e estranho líder a figura farsesca do presidente norte-americano Trump (que vem acompanhado de títeres, que governam alguns outros países).
Daqui a desconheço se um, cinco, dez ou mais séculos, quando os lunáticos-terráqueos e os marcianos-terráqueos, em suas viagens espaciais, vierem visitar este pobre planeta rico, encontrarão as ruínas deixadas pela engenharia destes nossos dias: pedaços, restos arqueológicos, destroços, vestígios de arranha-céus, de pontes, de viadutos, de transatlânticos, de aviões, de trens, de torres, de grandes usinas hidroelétricas, de monumentos, as cidades costeiras inundadas em todo o Mundo... não muita coisa mais!
Talvez, uma civilização macáquica (como no Planeta dos Macacos) em formação, ou, mais provavelmente, seres unicelulares tentando dar início a um novo processo evolutivo de êxito pouco provável!!!
Certamente, esses terráqueos marcianos e lunáticos enlouquecerão!
Por enquanto, não enlouqueçamos! Mas, não é necessário ser schopenhaueriano para ser realista e objetivo em face dos fatos: o ser humano está acelerando a extinção da espécie e a vida sobre a face do planeta como um todo; por outro lado, o panorama político e social, no Mundo e neste sofrido país, está forte e crescentemente engolfado nos obscurantismos e nas mediocridades, no anticientificismo, na intolerância, nos fanatismos, nos fundamentalismos, nos primarismos, nos casos de interdição (por deficiência mental, por retardo), flagelos que avançam sem controle e que são exterminadores de valores, culturas, etnias, sociedades, vidas.
Dá para perguntar: Até quando?...
No passado, foi possível superar a Idade Média, a época dos monarcas despóticos, a do colonialismo, a do nazismo, a do stalinismo... mas, agora, o fenômeno é de extensão mundial! Globalização do neoliberalismo!!! O reino planetário do mercado! É praticamente impossível um novo Renascimento e tudo que ele, com seus filósofos e artistas, anunciaram para o futuro da humanidade!
Estão ocorrendo os maiores incêndios da história nos Estados Unidos (costa Oeste) e no Brasil: Floresta Amazônica, Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas, biomas únicos sobre a face da Terra, riquíssimos em suas floras, faunas e nas culturas humanas que eles ainda contêm.
Com os desmatamentos e os demais crimes cometidos contra o meio ambiente, em quase todo o Mundo, a temperatura no planeta está aumentando e, em consequência, efetivam-se degelos nas regiões polares e nas geleiras das cordilheiras. Esta destruição provoca a subida do nível dos mares e oceanos, que ameaça de inundações as áreas costeiras e baixas dos continentes, pondo em grave risco a sobrevivência de cidades e metrópoles aí localizadas em todo o Mundo. Os tufões, furacões, tornados tornam-se cada vez mais violentos e catastróficos. Cidades são destruídas e milhares de vidas humanas são sacrificadas. A preservação da vida sobre o globo terrestre corre grave risco.
Em breve, a África, esse oceano de fome e miséria, será apenas um único Saara; no Brasil, teremos o Saara Amazônia, o Saara Planalto Central, o Saara Sul, e, enfim, o Saara Nordeste. A madeira será toda entregue ao mercado, e o capital internacional terá transformado o solo da Amazônia em grandes crateras, onde existia, antes, floresta densa e grande variedade de vidas e de riquezas minerais e de rios caudalosos, que pertenciam ao patrimônio do povo brasileiro. Mesmo a soja e a boiada, que hoje avançam por onde antes havia florestas, terão dificuldade para vicejar...
Acrescento:
Esta minha visão é escatológica? É, mas, ela está sendo desenhada pela realidade cruel que o planeta e a humanidade estão vivendo. Refiro-me, acima, ao Continente Africano, aos EE.UU. e ao Brasil. Mas, com o aquecimento dos mares a que nosso planeta está condenado, as cidades costeiras serão inundadas em toda a superfície da Terra, como nos casos de Nova York, Washington, São Francisco etc.; Lisboa e outras; talvez Amsterdam esteja à salvo em face de sua engenharia de barragens avançadíssima; inundações no Rio de Janeiro, em todas as capitais dos Estados do Nordeste, talvez, exceto Teresina, localizada no interior; Belém, Floripa, Santos etc. Manaus (até onde irá a inundação penetrando pelo rio Amazonas?)? Estarão a salvo Curitiba, Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, São Paulo e outras, no planalto!
Também, posso dar alguns depoimentos a partir de minha experiência profissional: Encontrei, no interior da floresta, em Roraima, ao lado do limite da Terra Yanomámi, uma serraria trabalhando a todo vapor madeiras ilegalmente obtidas e utilizando como mão de obra caboclos e índios; vi no lugar em que existiu a Serra do Navio, no Amapá, a inversão topográfica, com uma imensa cratera profunda, como se a serra, oca, estivesse de cabeça para baixo encravada no solo; o manganês acabou e a serra, também; o mesmo ocorreu com a Serra Pelada, no Pará (ouro); vi os Xikrín torturados com a pressão da Vale para explorar minérios em sua Terra (PA)... e Carlos Drummond de Andrade se referia saudoso e revoltado ao desaparecimento da serra de sua infância, em Itabira, que, fora eliminada da paisagem.
Também em Minas Gerais, situações semelhantes, como a morte do Rio Doce e de cidades e ribeirinhos, inclusive afetando aldeia dos índios Krenák; são centenas de vidas sacrificadas; ainda em Minas Gerais, dezenas de barragens de mineração estão na mesma situação de ameaça trágica; em Altamira, PA, além da hidroelétrica de Belo Monte e seu lago, que devastaram o Xingu, às proximidades da cidade, a indústria da caça ao ouro destrói sistemas de vidas de ribeirinhos e de sociedades indígenas, tais como os indígenas Kayapó; idem, na mesma área, na destruição da floresta e na caça ilegal ao ouro da garimpagem capitalista e criminosa; idem, nesta mesma ambição apocalíptica, no Rio Tapajós, afetando os ribeirinhos e os índios Mundurukú; idem, no Vale do Rio Trombetas, PA, onde tem lugar situação semelhante na busca da bauxita, etc., sendo estrangeiros o capital financiador e as empresas envolvidas, as quais remetem seus lucros para o exterior, criam um mínimo de empregos e não investem em benefício das populações. Essas ações e outras, como a destruição das florestas para que as “boiadas passem” e para que “trabalhem os que querem produzir” no corte - sem fiscalização - de árvores e, nas serrarias ilegais, na exportação ilegal ou não de madeiras de lei, e na garimpagem descontrolada, são, atualmente, tão incentivadas pelo governo que temos. A Vale do Rio Doce, foi privatizada pela sanha privatista neoliberal de FHC. A busca primária de minérios, com a destruição de pequenos rios e igarapés, pelo uso de dragas e substâncias poluentes e com a agressão à vida de caboclos e indígenas, apenas é efetivada por míseros garimpeiros brasileiros, explorados pelos financiadores (aviadores) instalados nas cidades, no Brasil e no exterior.
Queimadas, as maiores já ocorridas em nossa história, que estão destruindo a flora e a fauna na Amazônia, no Pantanal, na Mata Atlântica e no cerrado, com vítimas humanas imediatas; a derrubada da floresta como projeto oficial para “passar a boiada”; idem, por trabalhadores semi escravos para abastecer as serrarias e para a exportação; a destruição da floresta e dos rios, lagos e igarapés, da flora, da fauna, com afetações nas vidas das populações ribeirinhas, pela prática criminosa da mineração e do garimpo, além das construções de barragens de hidroelétricas e os acidentes previstos e criminosos de rompimentos de barragens, todos esses fatos concretos presentes no Brasil, são graves manifestações do “apocalipse” em curso.
Que fazer, povo brasileiro? Que fazer humanidade?
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*Dada à sua atualidade, este artigo está sendo republicado com atualizações.
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