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A miséria humana

O convívio prolongado com a marginalidade parece gerar realidade paralela. Talvez isso explique a ação de organizações criminosas, mesmo quando seus comandos estão entre as quatro paredes de uma penitenciária. Quase sempre, os que restam livres, pelo menos temporariamente, ajudam a construir realidade com cenário diferente, pretendendo assemelhar as condições entre os processados, julgados e condenados, àquela dos cidadãos comuns. Os que nunca delinquiram ou, tendo-o feito, já cumpriram a pena que lhes foi atribuída. O esforço por levar à confusão entre a realidade social e o caos desejado leva um dos filhos do presidiário que o Poder Judiciário considera líder de uma organização criminosa a reclamar do esquema de segurança montado, enquanto seu pai permanecer hospitalizado. As alegações, em confronto com a trajetória do condenado e dos que a ele emprestam aplauso e apoio, chegam ser ridículas. Além de cínicas. O comentário do filho que ostenta dois zeros à esquerda é dito como se nunca o pai amado tivesse tentado escapar à devida ação policial e judiciária. Algo como se o dano causado à tornozeleira ostentada pelo pai apenado fosse peça de ficção literária. Nem se precisa lembrar quanto, pai e filhos, desdenharam dos direitos humanos, no trágico e vergonhoso período em que eles pretendem atribuir à Polícia Federal a missão funcional de proteger a famiglia. Sem ser necessário, sequer, discutir qual o grau de humanidade que o carrasco de ontem, hoje mísero ser quase-humano, alcançou.

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