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À palmatória

Durante muito tempo, recriminei Édson Arantes do Nascimento. Cheguei a destoar do culto a ele prestado, pela rejeição a certas condutas que se diziam dele. Cabelos encanecidos mostraram a prudência de separar os sentimentos, porque separadas são as atividades e o desempenho humano. Há o Édson cidadão, há o Pelé atleta. Tenho lido, ouvido e visto muitas das exibições do futebolista e me sinto capaz de dar a mão à palmatória. Dou-a, para melhor faze-la encontrar-se com a outra, em merecido aplauso. Se soube de reis, presidentes, colegas, gênios do futebol e de outras artes curvarem-se à genialidade com que Pelé exerceu sua arte (não menos que isso o futebol que ele praticava!), por que me mostrar diferente - ou indiferente, não é? Destaco, porém, dois lances em que ele mostrou seu talento e o nível de gênio a que chegou: dois gols não feitos - o drible dado no goleiro Mazurkiewicz (uruguaio) e o chute distante em direção ao gol de Ivo Viktor (dos checos). Um péssimo jogador, diriam os que têm foco, perseguem metas, preferem o dinheiro à beleza do feito. A mão que apanha os bolos merecidos é a mesma que cumprimenta Pelé pelos 80 anos.

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