Zona franca de Manaus é um modelo reprodutor da desigualdade
- Professor Seráfico

- há 5 horas
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O chamado Polo Industrial de Manaus bateu recorde de faturamento este ano. De janeiro a outubro, alcançou a soma de 189,53 bilhões de reais ou 33,93
bilhões de dólares, gerando 131,227 empregos, entre efetivos, temporários e terceirizados. Até o fim do ano, o faturamento deverá passar dos 200 bilhões de reais.
A Suframa comemora. Os empresários comemoram, o governo do estado comemora. O prefeito de Manaus, que adora fazer festa com o dinheiro alheio, comemora no Caribe.
Manaus não tem muito o que comemorar.
A média salarial do Distrito Industrial é de pouco mais de dois salários mínimos (R$ 3.685,68). 58,51% dos contratados diretamente pelas empresas do PIM recebem até dois salários mínimos, ou seja, 3.036 reais. Essa massa cresceu este ano, em relação a 2024. Foi de 56,51% para 58,51%, segundo a Suframa.
O Polo Industrial de Manaus gasta entre 4% a 7% do seu faturamento com salários dos trabalhadores. Os recordes de ganhos das empresas não representam nada de melhoria salarial para aqueles que produzem a riqueza.
Nesse quadro de profunda exploração, Manaus aparece como a concubina espoliada pelo rufião que chegou no zepelim gigante.
Manaus tem o pior rendimento familiar per capita entre todas as capitais do Brasil (R$ 1.502) Esse indicador revela a média de renda por pessoa e o seu poder de compra. Tem o segundo menor rendimento médio do trabalho. Caiu de R$ 2.904 em 2023 para R$ 2.684 em 2024. A taxa de desocupação é de 10,3%, maior do que a nacional.
Os números são da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do IBGE.
A nossa vilipendiada Manaus, onde as multinacionais faturam mais de 200 bilhões de reais por ano, tem a quarta maior favela do Brasil, a Cidade de Deus, com mais de 55 mil habitantes.
A taxa de pobreza aqui é de 62,3%.
Das 400 mil moradias em favelas, 55.692 não têm ligação de água. 40,1% dos moradores dessas comunidades se declararam pretos, 35,5% brancos e 37,1% pardos.
Defender o modelo zona franca de Manaus sem debater essas desigualdades é jogar o problema para debaixo do tapete. É cínico. Não é possível tratar empregos como migalhas, enquanto uma elite se refestela na grana às custas do trabalho alheio.
0 modelo não passa das 130 mil vagas de trabalho, mas seus lucros exorbitam todo ano, enquanto o povo manauara sofre com insegurança alimentar, morando em locais insalubres ou pendurados em barrancos, morrendo a cada chuva.
Já passou da hora de dar mais responsabilidade social para as empresas do distrito industrial. Com a palavra o futuro governador do estado, pois o atual não tem condições morais e nem compromisso para defender a nossa gente.
Lúcio Carril
Sociologo

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