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Sobreviventes apenas

O que vem primeiro, o conceito do ser dito humano como portador de cidadania ou como consumidor? Acredito que a polis da Antiguidade grega que coube a Aristóteles sintetizar, muito o terá inspirado, quando considerou da essência do ser humano seu caráter político. A noção do bípede que se diz inteligente como consumidor, veio muito depois. Só com Adam Smith (sec. XVIII) foram explicitadas as ideias e relações integrantes da que veio a ser chamada Economia. Logo, o cidadão antecipa-se ao consumidor. Não é assim, porém, que os políticos e as sociedades modernas o entendem. Ao contrário, o mais vigoroso traço distintivo entre as espécies animais é sempre considerado secundário, se comparado aos interesses expressos nas relações econômicas. Ao ser econômico descrito por Smith, opõe-se o ser político por Aristóteles conceituado. Desloca-se, portanto, o foco na vontade humana para as necessidades humanas, entendidas estas como profundamente vinculadas à sobrevivência material. A mesma que interessa à Biologia e afeta todos os animais, inclusive o homem, todos dotados do instinto de sobrevivência. O predomínio do instinto sobre a vontade, no entanto, ignora peculiaridades importantes, reduzindo todos os animais a uma só categoria - são seres instintivos, destituídos de vontade. O que equivale dizer, igualados pelas necessidades de que resulta luta exclusiva pela sobrevivência material. Nada de sonhos, nem aspirações e sentimentos! Explica-se, portanto, onde está fundado o enorme esforço de políticos, governantes e membros das classes dominantes na tentativa de reduzir a sociedade humana aos seus interesses menores, aqueles que asseguram a sobrevivência animal. E nada mais...

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