Luís Inácio Lula da Silva, o triPresidente, viajará mais uma vez. Desta, para participar da reunião do G-20. Para quem não sabe, o grupo constituído pelas duas dezenas de países considerados os mais ricos do Mundo. Hoje, além dessa condição, o Estado nacional que apresenta condições de liderar alterações profundas e estratégicas no cenário mundial. Não é à toa, nem gratuita a mobilização do BRICS sob a batuta do presidente brasileiro. Nem parece inconsequente a proposta de ampliar o número de nações aderentes, como a desonestidade intelectual e o analfabetismo político propagam. Até onde a vista pode alcançar, desejem ou não os donos do Mundo, a ONU experimentará nos próximos anos substanciais alterações na sua maneira de ser e na sua forma de atuar. O Conselho de Segurança, que assegura a paz à moda da pax romana, deixará de ser como é para adaptar-se à convivência segundo os interesses da Terra. Esta, um projeto que em décadas poderá permitir o sentimento de que o Planeta é nossa pátria e, por isso, fronteiras serão apenas a linha divisória entre territórios, não entre visões catastróficas de Mundo. Aí, então, será possível conviver com os diferentes, porque respeitadas todas as nações e posto em prática o princípio tantas vezes proclamado mas frequentemente agredido da autodeterminação dos povos. E as decisões do novo Conselho de Segurança não serão reiteradamente desafiadas e descartadas, como tem sido até agora. Não é que a ONU para nada tenha servido. Mas atualmente incapaz de justificar sua absoluta impossibilidade de garantir a paz no Mundo e a convivência pacífica entre Estados e povos. Da parca informação que detenho sobre as relações internacionais, emerge o sentimento de que a multipolarização em andamento, de que o BRICS é claro exemplo, beneficia grande parte das nações integrantes da ONU. Fá-las transparentes, deixando para trás a triste fase em que mantê-las na sombra aproveitava aos donos do Mundo. Também se há de chegar ao momento em que a governança e a governabilidade serão fenômenos relacionados ao Planeta, sua saúde e sua sobrevivência. O Brasil, a Amazônia em especial, hão de jogar papel importante no tabuleiro das relações internacionais. Por isso, ao menos admitir posto na Presidência da República algum político orientado por mesquinharias e incapaz de enxergar a complexidade da sociedade contemporânea já significa cumplicidade com projeto de morte, não de vida. Pior, morte do Planeta.
* Utopia, que se tem como o não-lugar, na verdade é o lugar aonde ainda não chegamos.
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