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Sazonalidade e permanência

É experiência anual dos ribeirinhos da Amazônia a ocorrência de grandes enchentes. Com o vigor e a abundância que caracterizam a natureza da Região. Em 1971, a um grupo de técnicos da então promissora Comissão de Desenvolvimento Econômico do Amazonas - CODEAMA foi solicitada a elaboração de um plano de redução das perdas decorrentes do fenômeno. Sendo uma força maior, nem por isso as enchentes são imprevisíveis. Ao contrário, o caboclo amazônico espera-o todo ano. Mesmo sem saber qual o volume de águas que cobrirão até altas árvores em largo espaço do território, os próprios moradores tomam as providências ao seu alcance. Uma delas, a construção do que é chamado maromba - a elevação do piso de seus barracos, para pô-lo acima do nível das águas. Como isso apenas reduz o risco da morte de pessoas por afogamento e a perda de móveis e outros objetos de uso doméstico, ao Estado cabe prestar outros serviços, sobretudo nas áreas da educação, saúde, segurança e serviços da economia. Disso tratava o documento elaborado pela CODEAMA, sem que se saiba se algum dia suas recomendações foram levadas à prática. Extinta no final da década dos 80, a autarquia do governo amazonense parece não ter deixado rastro. As enchentes, porém, assinam ponto todo ano. A única coisa certa, antes de o carnaval mergulhar todos nas águas fartas de Momo. Aqui, como no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Acre e quase todos os outros estados, a natureza tem sempre cúmplices supostamente humanos, em sua ação destruidora. Antes, durante e depois de cada tragédia. Ainda mais, em caráter permanente, sem sazonalidade. O homem, não obstante seu conteúdo natural, fazendo-se indignos da natureza.

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