Poder ser um bom começo
- Professor Seráfico
- 28 de set.
- 2 min de leitura
O noticiário vai mostrando, cada dia mais, quanto se tem mentido, à custa de cinismo, hipocrisia e perversidade, ao longo das últimas décadas. Não digo que essas más qualidades do ser humano inexistissem, no passado remoto. Mesmo no que se vê distante do presente por décadas, lustros, séculos e eras. Há, porém, outros fenômenos que parecem ampliar, amplificar, abranger espaços, mentes e lugares diferentes, sempre com maior vigor e velocidade. É a tal aldeia global mencionada por Marshall Mac-Luhan. Daí a necessidade de a realidade ser observada com maior atenção e menor grau de preconceito. Se o passado é algo posto fora da probabilidade absoluta de mudança, o futuro não o é. Tratando-se de construção devida à ação humana – mesmo quando convocada a enfrentar as consequências de ações fora do controle dos seres humanos -, nenhum dos habitantes do Planeta está isento de culpa. Em termos mais sintéticos e simples: indivíduos e sua sociedade são os construtores (e destruidores) da realidade que nos cerca. Faz tempo, denuncio a hipocrisia em que consiste certo discurso supostamente hostil a todo tipo de crimes, persistentes, recorrentes, abusivos. Dentre eles, o tráfico de drogas. Se perguntarmos a quem quer que seja qual sua opinião a respeito, todos encherão a boca de adjetivos proferidos quase sempre com aparente indignação. Há, quase, unanimidade na condenação da conduta criminosa. Por que, então, ainda não se conseguiu ao menos reduzir a criminalidade correspondente? Na minha percepção, simplesmente porque a alguns é destinado o produto desse crime, menos hediondo que a hipocrisia dos que aparentam condená-lo. Volto ao noticiário, lembrando quanto o tráfico de drogas está enfronhado na sociedade, às vezes até nas instituições que deveriam protegê-la e fazer-se desenvolver. A relação desse crime com outros, de que a lavagem de dinheiro parece o mais frequente, até certo ponto explica iniciativas que é preciso investigar a fundo. Faz pouco tempo, chegava-se a dizer ingênua e quase com tom hilariante, da existência de bancadas da Bíblia, do boi e das armas, no Congresso Nacional. A sepultada PEC da Bandidagem, portanto, pode ser vista como um passo à frente, no combate do tráfico de drogas, tanto quando no combate a várias outras formas de delinquência. Nem seria preciso lembrar a descoberta de droga em avião integrante de uma comitiva presidencial, em Sevilha, Espanha. Menos, ainda, da reação de um dos responsáveis pela segurança institucional – o fato (a descoberta? A presença de droga no avião?) revelava o “descuido” de um suboficial. Ao fim e ao cabo, o único condenado pelo crime. Um aspecto positivo pode resultar do noticiário e da cobertura que, cada dia mais, deve ser dado ao tema: investiguem-se TODOS os que tiverem algo a ver com o fenômeno. Nas juntas comerciais, nas bolsas, nas escolas, nos quartéis, nas casas legislativas, nos gabinetes...!
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